Essa é a mensagem final do Observatório do Clima, ao divulgar o documento
com as metas para a redução das emissões brasileiras de gases de efeito estufa propostas
pela sociedade civil para a próxima Conferência das Partes, a COP21, que
acontecerá em Paris, em dezembro desse ano. Na ocasião, representantes de 196
países estão presentes para a redação de um novo acordo que substituirá o
Protocolo Kyoto.
O objetivo do documento é influenciar as metas
oficiais que serão apresentadas na rodada desse ano. De acordo com Observatório
o Brasil tem potenciar para reduzir suas emissões em 35%, até 2030, o que seria
1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente e, assim, contribuir para a
limitação do aquecimento global aos 2°C do período anterior à revolução
industrial.
A proposta vem sendo chamada de “INDC da sociedade civil”, sigla do inglês
para as Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas. Ou quanto, onde
e como cada país pode reduzir as emissões que levam ao aquecimento global.
Marina
Piatto, engenheira agrônoma e responsável pela área de
Clima e Agricultura e Ciniro Costa
Júnior engenheiro químico e especialista em emissões na agropecuária, do IMAFLORA,assinam a análise do setor agropecuário e apontam saídas para
evitar o agravamento das emissões no campo e que aproveitam o potencial da
agropecuária no sequestro de carbono. O cenário leva em conta a previsão do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de crescimento do rebanho
bovino para 260 milhões de cabeças nos próximos 15 anos, contra as 210 milhões
atuais e do avanço de mais de 20 milhões de hectares da área plantada.
O trabalho propõe
medidas, que em seu conjunto, contribuiriam decisivamente para a redução das
emissões no campo e do acúmulo de carbono no solo. A primeira delas seria o fim do desmatamento e a recuperação de 18 milhões de hectares de
pastagens degradadas para responder ao crescimento do rebanho. Ao mesmo
tempo, seria necessária a introdução de 3,5 de hectares no sistema integrado de lavoura, floresta e pecuária.
O estudo recomenda que os recursos do
Plano Safra, 187 bilhões de reais para o período de 2015/2016, sejam
estendidos ao financiamento da
agricultura de baixocarbono, cujo
montante atual destinado ao Plano ABC é considerado insuficiente.
Outras medidas
como o melhoramento das pastagens, redução da idade do abate do animal,
tratamento dos dejetos, redução do uso do adubo nitrogenado e o plantio direto
são apontadas por Marina Piatto e Ciniro Costa Júnior como prioritárias e
eficientes na redução das emissões no campo.
O Observatório do
Clima também apresentou medidas para a redução das emissões nos setores de
transporte e energia. O Instituto de Energia e Meio Ambiente responsável pela
análise da área de transportes
defende a mudança gradual da frota dos ônibus urbanos movidos a diesel por ônibus elétricos e o uso do etanol e de
bateria como fontes preferenciais de energia para os carros. Na mesma
linha, defende a retomada do programa do
álcool como combustível, e do aumento
em 20% da mistura do biodiesel ao diesel fóssil.
O trabalho feito
pelo Greenpeace sobre o setor de energia elétrica defende a redução das fontes fósseis de energia e
intensificação do uso de energia solar e
eólica.
Os membros do Observatório
do Clima asseguram que as metas apresentadas no documento são todas viáveis, e
as reduções sistemáticas começariam em janeiro de 2021, ficando gradualmente
mais restritivas até 2030.
A proposta na íntegra
e a maneira de executá-las estão nesse
documento que pode ser consultado livremente.
Ainda é possível fechar a conta do clima
19/07/2015
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