Quarenta
moradores das cidades de Óbidos, Oriximiná, Monte Alegre e Alenquer, municípios
que compõe a Calha Norte paraense, participaram do percurso de, aproximadamente,
450 quilômetros
pelos rios Amazonas, Trombetas e Erepecuru, no intercâmbio sobre práticas sustentáveis,
promovido pelo Imaflora na região.
A
viagem marcou o fechamento das atividades do último triênio com uma rica troca
de experiências: comunidades que habitualmente vivem do mono-cultivo, como o da
mandioca, conheceram o trabalho da colônia japonesa e de agricultores familiares
locais, que, na mesma área, cultivam frutas, fazem extração de essenciais
florestais e possuem uma fábrica de farinha, aumentando as alternativas de
geração de renda.
“Foi
uma quebra de paradigma, pois a maioria não acreditava que a convivência de
cultivos diversificados desse certo” conta Léo Ferreira, biólogo do Imaflora, integrante
da equipe que acompanhou os últimos três anos do trabalho da instituição na
Calha Norte. Ele cita também a diminuição do uso do fogo para a “limpeza” dos
terrenos e a utilização da adubagem orgânica como algumas das mudanças
importantes introduzidas pelo Imaflora, a partir do desenvolvimento de práticas
agrícolas compatíveis com o uso dos recursos naturais, um dos objetivos do
trabalho naquela região.
Roberto
Palmieri, engenheiro-agrônomo e gerente de projetos do Imaflora, que coordena o
trabalho da ONG na Calha Norte desde 2006, relembra os objetivos da presença do
Instituto lá: “fortalecer as organizações comunitárias, introduzir práticas
agrícolas e florestais amigáveis com o meio ambiente e criar canais para a
participação das populações tradicionais nos conselhos das Unidades de
Conservação, com a finalidade maior de proteger os 22 milhões de hectares da maior floresta tropical do mundo e melhorar a
qualidade de vida das populações locais”.
Os
números ajudam a constatar os avanços nesse sentido: desde 2009, foram capacitados
318 conselheiros das Unidades de Conservação Federais e Estaduais da Calha
Norte, da Floresta Nacional do Amapá e da Reserva Extrativista Tapajós
Arapiuns. Os vários eixos do trabalho envolveram mais de 50 comunidades, de 16
localidades diferentes, totalizando 1.267 moradores beneficiados. Mas acima de
qualquer contabilidade está a autonomia conquistada pelas comunidades que
comemoram resultados significativos.
Entre
os resultados, os participantes do intercâmbio puderam testemunhar a
organização social dos moradores do Projeto de desenvolvimento Sustentável PDS
Paraíso, em Alenquer, e conhecer detalhes das primeiras vendas de castanhas
pelos quilombolas de Oriximiná para a indústria Ouro Verde, com condições
diferenciadas. Foram dois lotes de castanha, o primeiro foi comercializado com
assessoria do Imaflora, mas a segunda foi feita diretamente entre as partes. “A
intenção era essa, que as comunidades pudessem andar com as próprias pernas”,
comemora Palmieri.
Calha Norte: pronta para o segundo tempo.
16/09/2012
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