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Calha Norte: pronta para o segundo tempo.

16/09/2012

Quarenta moradores das cidades de Óbidos, Oriximiná, Monte Alegre e Alenquer, municípios que compõe a Calha Norte paraense, participaram do percurso de, aproximadamente, 450 quilômetros pelos rios Amazonas, Trombetas e Erepecuru, no intercâmbio sobre práticas sustentáveis, promovido pelo Imaflora na região.


A viagem marcou o fechamento das atividades do último triênio com uma rica troca de experiências: comunidades que habitualmente vivem do mono-cultivo, como o da mandioca, conheceram o trabalho da colônia japonesa e de agricultores familiares locais, que, na mesma área, cultivam frutas, fazem extração de essenciais florestais e possuem uma fábrica de farinha, aumentando as alternativas de geração de renda.
“Foi uma quebra de paradigma, pois a maioria não acreditava que a convivência de cultivos diversificados desse certo” conta Léo Ferreira, biólogo do Imaflora, integrante da equipe que acompanhou os últimos três anos do trabalho da instituição na Calha Norte. Ele cita também a diminuição do uso do fogo para a “limpeza” dos terrenos e a utilização da adubagem orgânica como algumas das mudanças importantes introduzidas pelo Imaflora, a partir do desenvolvimento de práticas agrícolas compatíveis com o uso dos recursos naturais, um dos objetivos do trabalho naquela região. 
Roberto Palmieri, engenheiro-agrônomo e gerente de projetos do Imaflora, que coordena o trabalho da ONG na Calha Norte desde 2006, relembra os objetivos da presença do Instituto lá: “fortalecer as organizações comunitárias, introduzir práticas agrícolas e florestais amigáveis com o meio ambiente e criar canais para a participação das populações tradicionais nos conselhos das Unidades de Conservação, com a finalidade maior de proteger os 22 milhões de hectares da  maior floresta tropical do mundo e melhorar a qualidade de vida das populações locais”.   
Os números ajudam a constatar os avanços nesse sentido: desde 2009, foram capacitados 318 conselheiros das Unidades de Conservação Federais e Estaduais da Calha Norte, da Floresta Nacional do Amapá e da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. Os vários eixos do trabalho envolveram mais de 50 comunidades, de 16 localidades diferentes, totalizando 1.267 moradores beneficiados. Mas acima de qualquer contabilidade está a autonomia conquistada pelas comunidades que comemoram resultados significativos.
Entre os resultados, os participantes do intercâmbio puderam testemunhar a organização social dos moradores do Projeto de desenvolvimento Sustentável PDS Paraíso, em Alenquer, e conhecer detalhes das primeiras vendas de castanhas pelos quilombolas de Oriximiná para a indústria Ouro Verde, com condições diferenciadas. Foram dois lotes de castanha, o primeiro foi comercializado com assessoria do Imaflora, mas a segunda foi feita diretamente entre as partes. “A intenção era essa, que as comunidades pudessem andar com as próprias pernas”, comemora Palmieri. 

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