Carne bovina com selo da 'Rainforest Alliance'
02/06/2013
Por Bettina Barros | De São Paulo
Não basta ter CNPJ (ou CPF), autorização de operação e cumprir normas sanitárias para criar animais para o abate. O mundo moderno ficou muito mais abrangente, exigente, fiscalizador e custoso para o produtor rural. E já há quem pague por isso.
A rede varejista Carrefour e a Marfrig, uma das maiores processadoras de carne do país, estão colocando no mercado brasileiro a primeira carne bovina certificada pela Rainforest Alliance, que olha para além do que a lei manda: para chegar à gôndola foram levados em conta 136 critérios sociais, trabalhistas e ambientais ao longo da cadeia produtiva da pecuária.
Os requisitos para a certificação foram estabelecidos pela Rede de Agricultura Sustentável (RAS), uma entidade internacional que congrega organizações conservacionistas e é detentora do selo "Rainforest" - identificado por um sapinho ainda relativamente estranho ao consumidor no Brasil.
"É uma certificação que exige ainda mais que o Garantia de Origem", diz Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade do Carrefour no Brasil, referindo-se ao selo de produtos marca própria do grupo. São desde os pontos mais básicos, como a garantia de boas condições sociais dos funcionários e suas famílias até a redução da emissão de gases-estufa e a implementação de práticas de bem-estar animal. A rastreabilidade do boi é uma condição sine qua non, do nascimento à sua morte com fazendas e plantas de abate certificadas.
A carne bovina Rainforest será fornecida exclusivamente pela fazenda São Marcelo, em Tangará da Serra (MT), conhecida pela expertise em produção sustentável. Serão 20 mil animais entregues por ano à unidade da Marfrig no mesmo município, diz Andrew Murchie, CEO da Marfrig Beef Brasil.
Neste primeiro momento, o Carrefour ofertará oito tipos de cortes premium Rainforest em 13 lojas do grupo. A intenção, segundo Pianez, é expandir para 40 no segundo semestre, no Estado de São Paulo.
Segundo executivo, não foram necessários investimentos ou ajustes para a certificação. "Para nós, o selo reforça as ações do grupo em sustentabilidade, abre a possibilidade de novos clientes e agrega valor à mercadoria". A intenção de Marfrig, que diz que ainda não obteve retorno financeiro com a certificação, é expandir esse tipo de produção - um projeto ainda em estudo. E entrar em outros segmentos, como o da alta gastronomia. "Nunca vamos ter muito volume com Rainforest, por isso precisamos descobrir novos nichos para atuar e agregar valor", diz Murchie.
Fonte: Valor Econômico
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