Recentemente, a Agência Ambiental das Ilhas Canárias, na Espanha, aumentou em quatro vezes a área de florestas naturais com a certificação FSC em seu território. Detalhe: de lá não sai qualquer produto com objetivo comercial. “Nossa motivação é o desejo de implantar um sistema de gestão ambiental eficaz e que carregue práticas ambientais responsáveis, além de benefícios sociais e econômicos. O sistema FSC permite a melhoria contínua da nossa gestão, com base em avaliações externas”, explica Carlo Velazquez, coordenador de planejamento de manejo florestal do governo das Ilhas Canárias. Ele continua, afirmando que o processo de certificação FSC tem se revelado útil de várias maneiras: “Permite o acesso ao financiamento para a elaboração de nossos planos de manejo e o mais importante, tem nos ajudado a resolver problemas de longa data com proprietários florestais privados”. A área certificada inclui florestas públicas e privadas, sendo que uma parte é destinada à reserva natural na qual não se extrai madeira. Alguma retirada de madeira é permitida apenas no entorno da reserva pelas comunidades locais.
Diálogo - A relação com as partes envolvidas também é apontada como um dos ganhos promovidos pela certificação socioambiental FSC. A área certificada tem uma particularidade, é pública em alguns trechos e privada em outros. De acordo com Carlo Velazques as relações entre o governo local e os proprietários de florestas privadas é historicamente difícil e “o processo de certificação tem sido tem sido essencial para levar os interessados a criar um diálogo proveitoso. A certificação serve como um campo neutro para explorar soluções entre as partes e ajuda a transformar as percepções negativas sobre as autoridades, entre a população local.” Há diversas situações polêmicas e vários pontos que ainda precisam ser resolvidos, como por exemplo, a situação do Chaffinch Blue, ave rara e ameaçada, que encontra nessas florestas seu habitat ideal, cuja conservação entra em conflito com as ações necessárias à prevenção de incêndios nas matas. ”As discussões a esse respeito estão em curso, mas está claro que estão todos engajados em um diálogo construtivo”, explica Mateo Cariño Fraisse, coordenador de certificação FSC e auditor da Nepcon.
No Brasil – Apesar dasparticularidades da situação espanhola, cenários como os descritos acima não são desconhecidos dos profissionais brasileiros que atuam com certificação FSC, aqui: “A construção de canais de diálogo é um grande desafio proposto pela certificação, vivemos situações semelhantes a essas no Brasil”, comenta Leonardo Sobral, engenheiro florestal do Imaflora. “O processo muitas vezes pode ser longo, mas, na maioria dos casos, temos tido êxito, com comprometimento dos empreendimentos e disposição para o entendimento por partes dos envolvidos”. Leonardo lembra ainda que nem sempre o que leva um empreendimento a buscar a certificação para seus produtos florestais ou derivados, é a recompensa financeira imediata ou os prêmios pagos em alguns casos, mas sim, a possibilidade de mitigar riscos para a imagem corporativa, a melhoria nos sistemas de gestão e até mesmo o acesso a novos mercados. Experiências semelhantes em países tão distantes e com características peculiares reafirmam a importância da certificação para os diferentes mercados.
Certificação além do retorno financeiro
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