O Imaflora sempre trabalhou para promover modelos produtivos de baixas emissões nos setores agropecuário e florestal, aliado a iniciativas que removam Gases de Efeito Estufa da atmosfera, além de influenciar políticas públicas nesse sentido. Afinal, a adoção de boas práticas no campo contribui para que não haja necessidade de expansão para novas áreas de cultivo, diminuindo o desmatamento.
Com menos desmatamento, a floresta colabora para diminuir os efeitos da crise climática e impacta positivamente na própria agropecuária. Às vésperas da COP no Brasil e em meio a eventos climáticos que demonstram a urgência da crise climática, precisamos incidir ainda mais junto a entes públicos e privados para acelerar essa transformação.
Para termos uma ideia, a agropecuária é um dos líderes das emissões brasileiras, atrás apenas de Uso e Mudança da Terra. Mas é plenamente possível diminuir esse percentual. Em 2024, o Imaflora desenvolveu o capítulo de agropecuária da proposta de NDC do Observatório do Clima (OC), que apresenta metas nacionais de redução de emissões.
O governo apresentou sua proposta na COP em 2024, mas ainda precisa detalhar os planos setoriais. A proposta do OC é a oportunidade para que os diversos estudos desenvolvidos pelo Imaflora ao longo de quase três décadas sejam considerados e facilitem a transformação no setor, que tem todas as condições para reduzir mais de 50% das emissões por meio de práticas como integração entre lavoura, pecuária e florestas, por exemplo.
Outras políticas em que atuamos são a agenda do metano, voltada para a pecuária, e a proposta de critérios para a taxonomia rural brasileira. A ideia é ter um guia do que é ou não sustentável na nossa agropecuária, para ajudar a direcionar linhas de crédito como o Plano Safra e de bancos privados.
Também firmamos um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Agricultura e Pecuária para o monitoramento do Plano ABC+. Com isso, será possível medir a efetividade e o impacto do Plano, saber onde está chegando e se está cumprindo seus objetivos. É mais um exemplo de como o conhecimento acumulado nesses anos todos pode ser utilizado para avaliar políticas e apontar caminhos para uma agricultura e pecuária de fato sustentáveis.
Uma conquista que vale ressaltar foi o lançamento do Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Previsto para alcançar todo o rebanho brasileiro até 2032, a política pretende rastrear o gado do país, acompanhando o histórico, a localização atual e a trajetória de cada animal identificado. Com isso, práticas como o desmatamento devem perder espaço ao longo da cadeia produtiva, resultando em redução das emissões de gases de efeito estufa e no enfrentamento da crise climática.
No mesmo sentido de dar transparência e distinguir práticas que sejam, de fato, sustentáveis, o governo criou a Plataforma Agro Brasil+Sustentável para o monitoramento de imóveis rurais em relação à governança ambiental, social e corporativa. O Imaflora contribuiu com o desenvolvimento da plataforma de diversas formas, dentre elas por meio da experiência com o programa Boi na Linha, que teve seus critérios adotados como referência para a plataforma.
Um dos caminhos para contribuir com o combate ao desmatamento é dar uso para as florestas públicas que ficam à mercê de atividades ilegais. Em 2024, fizemos uma parceria com o Serviço Florestal Brasileiro para alavancar as concessões florestais na Amazônia. Dentro disso, desenvolvemos um diagnóstico para entender por que os recursos das concessões não estavam sendo repassados para os estados e municípios que abrigam as florestas concedidas e ajudamos a destravar esse montante.
Todas essas iniciativas mostram que já existem uma série de soluções disponíveis para o Brasil transformar a forma como produz alimentos e produtos florestais de um jeito que cause menos impactos negativos e diminua nossas emissões. Em 2025, com a COP em plena Amazônia, será o momento ideal para aprofundar e alavancar ainda mais essas agendas.