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Estudo aponta caminho para a expansão e intensificação da agropecuária brasileira

18/03/2018

A análise do estudo ”Asymmetries of cattle and cropproductivity and efficiency during Brazil´s agricultural expansion from 1975 to2006” que avaliou o crescimento da produção, da produtividade e da eficiência da safra brasileira entre 1975 e 2006 foi atualizada e ganhou as páginas da edição especial sobre o desmatamento da Amazônia, da revista científica Elementa - a Ciência do Antropoceno, editada pela Universidade da Califórnia.

O trabalho, realizado pelo Imaflora e pelo GeoLab, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, discute a agropecuária brasileira a partir das diferenças entre a produção vegetal e a pecuária, e, dessa perspectiva,  analisa o crescimento da produção, da produtividade e da eficiência da safra brasileira entre 1975 e 2006. Produção vegetal fornece mais proteínas.
O Prof. Gerd Sparovek (GeoLab Esalq) explica que houve crescimento da área plantada com culturas em todas as regiões do Brasil, enquanto a área de pastagem diminuiu no sul e sudeste e somente aumentou na região norte. A produtividade das duas atividades aumentou em todas as regiões, com destaque para o centro-oeste. 
Todavia há uma grande diferença entre a eficiência das culturas e das pastagens. Em 2006, a produção vegetal forneceu 20 vezes mais proteína que a animal, mesmo ocupando uma área 2,6 vezes menor (61 milhões de hectares de culturas contra 160 milhões de hectares de pastos). A produtividade vegetal foi 25 vezes maior que a da pecuária, alcançando 0,25 toneladas de proteína por hectare contra 0,01 toneladas de proteína por hectare da pecuária. Além disso, a produção vegetal emitiu 2 toneladas de gases de efeito estufa por tonelada de proteína contra 283 toneladas da proteína animal.
A safra vegetal de 2006 foi suficiente para suprir as necessidades de proteína de 1,3 bilhões de pessoas enquanto a de pecuária garantiria as necessidades de 66 milhões de pessoas.
O estudo também identificou que embora o sistema de produção de carne de aves e suínos seja mais eficiente que o de pecuária para a produção de proteína, ele é seis vezes menos eficiente do que o de proteína vegetal como fonte primária de alimentos. Mesmo assim, as análises identificaram que entre 1975 e 2006 a proporção da produção vegetal destinada à ração para a criação de frangos e porcos aumentou enquanto diminuiu a proporção destinada diretamente para a alimentação humana.
Com base nestes resultados, o estudo sugere um caminho para a expansão e a intensificação da agropecuária visando desmatamento zero e sistemas de uso da terra e de produção de alimentos sustentáveis:
1. Priorizar a produção vegetal como a principal fonte de alimento humano. A expansão da produção deve ocorrer sob terras aptas ocupadas por pastos, em sistemas produtivos de baixo carbono e impacto ambiental.
2. Priorizar a carne de aves e suínos como a principal fonte de proteína animal.
3. A produção pecuária deve se manter no longo prazo nas terras não aptas para a produção vegetal. A intensificação nestas condições é prioritária, mas é limitada, pois a restrição da mecanização de parte destas terras restringe a adoção de práticas que potencializam a intensificação.
4. A intensificação da pecuária em terras aptas para a produção vegetal é essencial, mas será uma transição que persistirá até que as culturas agrícolas ocupem todas as terras aptas para a sua produção.
Luís Fernando Guedes Pinto (Imaflora) destaca que este mapa do caminho somente considera a produtividade e a eficiência do uso da terra e da produção de alimentos; sem levar em conta outras questões determinantes para a expansão e a intensificação da agricultura como infra-estrutura, hábitos alimentares e demandas de consumo de alimentos. Além disso, as análises de 1975 a 2006 não capturaram importantes recentes políticas e mudanças que ocorreram na governança do setor que tem visado à redução do desmatamento e a agropecuária de baixo carbono. O novo censo agropecuário é fundamental para haver dados que permitam uma análise da situação atual e projetar cenários para o futuro. 
Confira o estudo completo aqui. O estudo faz parte do Atlas da Agropecuária Brasileira, uma colaboração do Imaflora e do GeoLab – Esalq.



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