Como equacionar a produção de alimentos, com ganhos de eficiência, áreas menores de plantio, eliminação de práticas predatórias e pouco uso dos recursos naturais? O que mudou nesse quadro desde que o Imaflora adotou a certificação socioambiental como ferramenta, há 16 anos? Qual seu alcance? Quais foram os principais avanços, desde então? O que pode ser projetado para o futuro próximo? Qual a avaliação que pode ser feita do manejo florestal na Amazônia?Com mais perguntas do que respostas, sem descartar a complexidade do cenário que as envolvem, mas acreditando que é fundamental iniciar uma reflexão a esse respeito, o Imaflora organizou dois seminários, no último dia 17, com respeitados estudiosos ou conhecedores dessas áreas: “A sustentabilidade no manejo florestal” foi discutida por Cristina Alves, engenheira florestal, coordenadora do Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal, do Serviço Florestal Brasileiro; Edson Vidal, professor Doutor da Esalq/USP e especializado em monitoramento e dinâmica de florestas; Roberto Waack, empresário e concessionário da Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia; Milton Kanashiro, engenheiro-florestal geneticista e pesquisador da Embrapa e Leonardo Sobral, engenheiro florestal e gerente de certificação do Imaflora, e contou com a facilitação de Marcelo Marquesini, mestre em manejo florestal.Embora diversos problemas tenham atravessado esses 16 anos, anos como a extração e comercialização ilegal da madeira e a ausência de títulos que comprovem propriedades de terra na Amazônia, é certo que houve avanços. Os ganhos tecnológicos que permitem o monitoramento da floresta, o impacto reduzido do manejo, a redução do desmatamento e sobretudo, a noção crescente de que a melhor forma de conservar a floresta é dar a ela um uso econômico ,foram alguns dos apontados. Entre os desafios, a confecção de um inventário florestal de boa qualidade (atualmente, trabalha-se com 50% de erro) foi apontado como urgente. Falou-se também na importância de subsídios governamentais para as boas práticas de manejo.Na segunda rodada, o tema foi “Desafios e perspectivas para a agropecuária sustentável no Brasil”, que reuniu o economista e diretor de exportação da Cooxupé, Joaquim Libânio Ferreira Leite, Laura de Santis Prada, engenheira-agrônoma e consultora da empresa Ecossistemas, Guilherme Amado, pós-graduado em gestão ambiental e gerente do projeto Café Verde no Brasil, do programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável; Arnaldo Eijsink, engenheiro-agrônomo e diretor do Grupo JD, Pieter Sijbrandij, mestre em gestão de recursos naturais e representante no Brasil da Fundação Solidaried, com a facilitação de Eduardo Trevisan Gonçalves, engenheiro-agrônomo e gerente de projetos em cadeias sustentáveis do Imaflora.Os debatedores concordaram que a certificação tem papel importante na sustentabilidade mas, isolada, é uma ferramenta limitada. Os avanços na cafeicultura foram reconhecidos pelos debatedores que apontaram os ganhos com gestão como um benefício da certificação, que vai além do ágio pago por saca. O desafio, no entanto, é o ganho em escala: como fazer com que essas conquistas sejam reconhecidas pelo setor sucroalcooleiro e pelos pecuaristas? E como ganhar a adesão dos pequenos produtores? Parte das respostas reside na valorização dessas práticas por parte do consumidor final, que, em última instância, será o responsável pelas pressões exercidas sobre o varejo, que por sua vez, buscará as boas práticas no campo.Assistas as entrevistas com os integrantes das mesas redondas:
Entrevista feita por Leonardo Sobral do IMAFLORA com Roberto Waack (diretor da Amata).
Entrevista feita por Rodrigo Cascalles do IMAFLORA com Guilherme Amado (Gerente de Projetos de Café Verde - Nespresso).
Entrevista feita por Patrícia Gomes do IMAFLORA com o Professor Doutor Edson Vidal (Esalq/USP).
Exercícios para um futuro sustentável
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