Além de abrigar a maior biodiversidade do planeta, a floresta amazônica abastece atividades econômicas de baixo impacto ambiental, que impulsionam o desenvolvimento de comunidades extrativistas de forma sustentável. No Brasil, a economia de produtos florestais não madeireiros movimenta mais de R$ 1,5 bilhão por ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A coleta de produtos encontrados no interior da floresta, como castanha, açaí e babaçu, garantem a subsistência de mais de dois milhões de pessoas no País. É na valorização desse tipo de atividade econômica que o Florestas de Valor, programa desenvolvido pelo Imaflora, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e financiamento do iCS, do Governo do Canadá, do BNDES e da Humanize, acredita estimular a criação de cadeias produtivas sustentáveis dentro do mosaico de áreas protegidas da Amazônia brasileira, gerando renda e conservando a floresta.
Uma das iniciativas que ajuda a movimentar esta bioeconomia é desenvolvida pela Associação de Mulheres Produtoras de Polpa de Frutas (AMPPF) de São Félix do Xingu, município do Sudoeste do Pará. Na cidade, foram implantados sistemas agroflorestais (Safs), que regeneraram áreas degradadas do bioma amazônico, recuperaram a fertilidade do solo e ofereceram um novo tipo de receita: a venda de polpa de fruta. Este ano, com apoio do Imaflora, as mulheres ganharam um incentivo para aumentar a sua produção: a implantação de 20 novos viveiros familiares com mudas florestais e frutíferas, como cacau, cupuaçu, acerola, cajá, açaí, manga, graviola, maracujá, goiaba e tamarindo.
“Essa iniciativa do Florestas de Valor acontece dentro de espaços abertos há mais de 20 anos e seu propósito é estruturar e fortalecer cadeias de produtos não madeireiros, para que essas áreas e os seus entornos contribuam para o desenvolvimento regional e proporcionem condições dignas às populações amazônicas”, explica Eduardo Trevisan, gerente de projetos do Imaflora.
A AMPPF, que tomou corpo jurídico em 2012, foi gestada pela ADAFAX (Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu), que produziu um levantamento de mercado, potencial comercial, preferência de sabores e cotação de valores para a produção de polpas. A partir dessa avaliação, foi mapeada uma política pública de incentivo à produção local: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O PNAE determina que, no mínimo, 30% dos itens da merenda escolar local sejam adquiridos de agricultores familiares, o que gera uma demanda fixa de diversos gêneros alimentícios, incluindo a polpa de fruta.