A carne, certificada pelo IMAFLORA a partir
dos critérios socioambientais da Rede de Agricultura Sustentável, já está ao
alcance do consumidor. Treze lojas da rede Carrefour, na cidade de São Paulo,
já estão comercializando o produto, identificado pelo selo Rainforest Alliance
Certified™ na embalagem. A intenção do grupo varejista é ampliar a distribuição
para algumas cidades do interior do estado em alguns meses, e gradativamente,
estende-la a outras regiões do País.
São oito cortes com o selo, que atesta se
tratar de um produto originado em fazendas que seguem rigorosas normas
internacionais de conservação ambiental, de respeito aos trabalhadores, às
comunidades locais e às regras de bem-estar animal.
As peças também carregam o código de barras
QR (Quick Response), que pode ser escaneado por telefones celulares e fornece
uma série de informações sobre aquele produto ao consumidor, como a fazenda de
origem, as certificações que a propriedade possui, a data de produção, o
frigorífico no qual a carne foi processada, o número de inspeção, para citar
algumas delas.
A chegada da carne certificada às gôndolas
reuniu os representantes da cadeia produtiva, que comemoraram a data com a
assinatura de uma carta de intenções, na qual o Carrefour, Marfrig, Grupo JD e
o IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola reafirmam
o compromisso de garantir produtos cujo processo seja inteiramente rastreável em
todas as etapas.
“Com a entrega do primeiro lote de carne
certificada ao Carrefour completamos o ciclo e levamos ao cliente final mais um
produto diferenciado”, diz o CEO da Marfrig Beef, James Cruden. “Nossos
esforços têm por objetivo criar um novo patamar mundial para a cadeia de
fornecimento, comprometendo todos os elos com boas práticas socioambientais”,
completa.
Presente à cerimônia, Roberto Smeraldi,
diretor da Amigos da Terra Amazônia Brasileira, destacou a iniciativa como o
primeiro passo de um processo que considera irreversível.
Mercado
– A
pecuária brasileira ostenta números respeitáveis. De acordo com o site da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, o Brasil é o maior exportador
mundial de carnes, além de ser o segundo maior produtor e também o segundo
maior consumidor global de carne. No
entanto, produtos com a certificação socioambiental nesse segmento ainda
representam uma fatia pequena do mercado.
Por enquanto, são dois empreendimentos auditados
e certificados pelo IMAFLORA, as Fazendas São Marcelo, em Tangará da Serra e a
Fazenda Água Sadia, localizada em Barra do Bugres, ambas no Mato Grosso. Segundo
o pecuarista Arnaldo Eijsink, pioneiro na
conquista do selo em todo o mundo, o reconhecimento do produto vem crescendo.
Nos últimos três anos,
Eijsink elevou sua produção em 15% e tem expectativa de novo aumento. “Podemos
oferecer um conceito de carne exatamente como os consumidores querem, com
qualidade, sabor e a força da responsabilidade socioambiental”, diz ele. Além da carne que fornece ao Carrefour, o
couro foi comprado pela Gucci, para a confecção de uma linha de bolsas que
inaugurou a participação da renomada grife italiana no Desafio Tapete Verde.
O diretor de sustentabilidade do Carrefour,
Paulo Pianez, lembra que a rede lançou um programa contemplando as questões socioambientais
e a garantia de origem de suas mercadorias em 1992. E afirma que o consumidor é peça-chave para o
sucesso desse tipo de programa: “Estamos trazendo às gôndolas esses conceitos, produtos
responsáveis da produção ao processamento. Mas o consumidor precisa ter essa
percepção”.
Aprovação - Os consumidores,
que desconheciam os motivos da movimentação em torno das prateleiras de carne
na loja da Imigrantes, receberam a novidade com entusiasmo: “A gente briga pelo
clima, procura manter a natureza para as próximas gerações, tem que pensar no
que compra”, diz Pietro Rigolio, radialista, que, no entanto, citou qualidade e
preço como fatores decisivos em suas opções de consumo.
Para Eduardo Trevisan Gonçalves,
secretário-executivo adjunto do Imaflora “O volume de carne certificada deve
aumentar significativamente nos próximos anos, deixando a escala de nicho e
facilitando o acesso dos consumidores a um produto sustentável, com preços
competitivos. A certificação ganha força em um momento em que a indústria
investe na definição de suas marcas e na qualidade da carne. Sustentabilidade e
rastreabilidade são atributos indispensáveis para essa estratégia”. O
Instituto, organização não governamental, sem fins lucrativos, foi fundado em
1995 e teve intensa participação na construção da norma para a certificação da
pecuária. O Imaflora promoveu e conduziu as duas audiências públicas que
ocorreram no Brasil, com a participação de todos os elos da cadeia da carne, para
colher sugestões e críticas à versão prévia do protocolo; e foi também o
responsável pelos testes práticos da Norma.
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