O TerraBio é uma abordagem de monitoramento, avaliação e reporte para gerar evidências sobre responsabilidade ambiental para empresas que comercializam produtos da floresta ou de agricultura sustentável, ou invistam em modelos de negócios sustentáveis como iniciativas de desenvolvimento rentáveis voltadas para a conservação.
A metodologia está sendo desenvolvida pela Aliança Bioversity/ CIAT e parceiros, com apoio da USAID para avaliar o impacto dos investimentos do setor privado na conservação da biodiversidade na Amazônia.
A ferramenta une monitoramento das áreas via satélite – usando algoritmos que detectam desmatamento, reflorestamento e outras intervenções – com a análise de e-DNA de vida silvestre.
O e-DNA é uma técnica que identifica DNA de animais e plantas por meio de resíduos no solo. Todos os organismos contêm DNA único que permite sua identificação precisa, e sua presença em determinados ambientes. Ao passar pelos locais, os animais deixam resíduos (pelo, pele e outros) que podem conter traços de DNA. A identificação dessa forma se dá o nome de “environmental DNA” (DNA ambiental).
Para testar a aplicação, a Aliança montou um projeto piloto em parceria com o Imaflora para realizar as primeiras análises do Terrabio em áreas de agroflorestas com produção de cacau, na região de São Félix do Xingu. As áreas fazem parte do programa Florestas de Valor, que apoia agricultores familiares com capacitações voltadas não só a melhora da produção, mas também a gestão dos sítios.
“O Imaflora já era parceiro da Aliança dentro do SERVIR Amazônia, e essas áreas eram exatamente o que buscávamos para fazer os testes do Terrabio,” explica Wendy Francesconi. “Foi importante ter um parceiro que já está em campo, pois por conta da pandemia da COVID-19 queremos reduzir a exposição das comunidades”.
A coleta será feita em quatro áreas, usando o Ground – aplicativo que está sendo desenvolvido pelo Google e permite tirar fotos do local e marcar com precisão as coordenadas geográficas que serão referência para conferir as imagens de satélite, e poder repetir as amostras no futuro. As amostras serão analisadas pela Universidade de Salford, no Reino Unido, onde pesquisadores já trabalham com a técnica do e-DNA.
Capacitação - Foram feitos dois treinamentos com os técnicos que farão a coleta - um sobre o Ground e outro sobre os protocolos necessários para garantir a qualidade das amostras e-DNA. “Acredito que será um processo tranquilo, pois o protocolo de coleta é minucioso”, disse Vitor França, um dos técnicos do Imaflora que fez o treinamento.
Francesconi explica também que além dos protocolos de coleta – que incluem a troca de luvas para evitar contaminação cruzada das amostras – os técnicos receberam orientações sobre distanciamento e uso de máscaras e álcool gel para evitar a contaminação por COVID-19.
“Os técnicos, e os produtores, devem ficar de máscara em todos os momentos, e o único contato será no momento da assinatura do termo de consentimento da coleta da amostra, o que será feito com distanciamento”, conclui Francesconi.
O Imaflora já vem seguindo protocolos de prevenção à COVID, mudando o atendimento para um formato mais personalizado, à distância, e também seguindo as orientações de uso de máscaras, luvas, e distanciamento social.
O piloto ajudará a identificar questões que precisam ser consideradas ao aplicar a abordagem de monitoramento e avaliação de biodiversidade em negócios. Após as análises do piloto, ajustes serão feitos na metodologia para começar a aplicação em outras iniciativas.