Entre os temas abordados, estão as alternativas para o desenvolvimento do setor madeireiro no longo prazo, incluindo a adoção do manejo florestal em larga escala, além das necessidades de evolução e modernização da indústria
Pesquisadores e representantes do poder público, de ONGs e do setor produtivo madeireiro estiveram reunidos em Porto Velho, Rondônia, para debater o atual cenário e perspectivas futuras para a produção florestal no Estado. O evento “Setor Florestal de Rondônia: oportunidades para o planejamento setorial” foi organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) de Produção Florestal do Fórum de Soluções em Legalidade Florestal, realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
O encontro também marcou uma importante iniciativa do grupo de trabalho, que foi o lançamento do estudo “Evolução da indústria de base florestal de Rondônia e oportunidades para o planejamento setorial e para a conservação das florestas de produção”, escrito pelos consultores e pesquisadores associados ao Imaflora, em abril de 2023.
De acordo com Rodrigo Costa Pinto, consultor do Imaflora e um dos autores deste trabalho, o desenvolvimento de um estudo neste tema permite um aprendizado único e proporciona um espaço de construção e de fortalecimento do desenvolvimento da cadeia florestal sustentável do Estado, apresentando tendências e discutindo as perspectivas do setor florestal em Rondônia.
Além da apresentação do estudo, o evento também contou com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM) e do setor privado. “Buscamos debater como o setor florestal de Rondônia está se comportando e sugerir formas para garantir a evolução da sua indústria de base madeireira para os próximos anos, propondo um pacto entre instituições do poder público, pesquisa e setor empresarial, para que possamos reverter, em um futuro próximo, a extinção deste importante mercado no Estado e para o país como um todo”, explica Evandro José Muhlbauer, diretor da MADEFLONA.
O estudo, um dos mais abrangentes já realizados sobre a evolução da atividade florestal de Rondônia, busca entender a dinâmica, identificar os principais gargalos e apontar perspectivas e oportunidades de desenvolvimento. Traz um viés desafiador, pois apesar de Rondônia ser o terceiro maior produtor de madeira da região amazônica, atrás somente do Pará e Mato Grosso, enfrenta hoje um declínio na produção e nos estoques madeireiros nas suas florestas nativas, o que pode colocar o suprimento a longo prazo em xeque.
No entanto, o próprio estudo aponta alguns caminhos para conseguir superar estes desafios. Entre as principais recomendações, estão o ordenamento territorial de Rondônia, como solução em larga escala para o desenvolvimento do manejo florestal responsável em grandes reservas de produção situadas em áreas públicas, por meio de concessões florestais e do manejo florestal comunitário.
E um passo em direção a isso começou a ser dado, justamente, com a realização do evento. “Consideramos que o evento foi bem-sucedido na medida em que conseguiu reunir os principais atores de relevância do setor madeireiro no Estado, além de respectivas lideranças, para uma discussão sobre os desafios que estão postos à sustentabilidade da indústria de base florestal no longo prazo. Esperamos que este evento abra novas oportunidades de diálogo que levem a um pacto setorial para o benefício da conservação e do uso sustentável das florestas de produção de Rondônia no futuro”, observa Marco Lentini, especialista florestal do Imaflora.