Logo

Brasil deve reforçar e apostar em produção agropecuária mais eficiente para reduzir emissões de metano, aponta proposta do SEEG para a NDC brasileira

11/09/2025

Imaflora junto ao OC trazem propostas adicionais para a NDC 2030–2035, lançada em 2024, com ações focadas na mitigação de metano pelo setor agropecuário

 

O novo relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima, da qual o Imaflora é membro, demonstra o quanto o Brasil pode mitigar de metano (CH4) a partir das metas setoriais definidas na proposta do Observatório do Clima para a segunda NDC (da sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada) para o Brasil (2030-2035), elaborada em 2024. A NDC do Metano faz parte das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) assumidas pelos países no âmbito do Acordo de Paris e reúne os compromissos específicos de redução das emissões desse gás de efeito estufa. O tema ganhou força em 2021, com o lançamento do Global Methane Pledge durante a COP26. O pacto estabeleceu como meta reduzir em 30% as emissões globais de metano até 2030, em comparação com os níveis de 2020. 

 

Além de demonstrar o quanto de metano pode ser mitigado para cada um dos setores produtivos, também traz propostas adicionais de mitigação deste gás, principalmente para o setor agropecuária, que atualmente é responsável por 75% das emissões nacionais de GEE.

 

"A proposta sugere uma série de medidas para mitigar as emissões no campo, com ênfase para a intensificação sustentável da produção. Uma das metas é realizar o abate precoce de bovinos, mitigando emissões dos sistemas produtivos ao mesmo tempo que os tornam mais produtivos. A expectativa é de que esses sistemas mais controlados e tecnificados, junto com uma série de outras propostas para produção animal e agrícola contribuam para a redução das emissões de metano do setor", explica o analista em emissões de GEE pelo setor Agropecuário na área de Ciência do Clima do Imaflora, Gabriel Quintana, instituição responsável pelo relatório na área de agropecuária.

 

Além das propostas setoriais já feitas para o setor agropecuário, esse adendo destaca e incorpora nas metas do setor ações voltadas para produção pecuária como o melhoramento e manipulação da dieta animal, o melhoramento genético animal (MGA), o abate precoce de bovinos em até 30 meses e a manipulação da fermentação ruminal, junto com as ações já previstas sobre a expansão dos abates com terminação intensiva e de biodigestores na suinocultura. Para a agricultura, também são definidas metas que visam a redução de metano, sendo pela adoção de melhores práticas de manejo do solo e irrigação no cultivo de arroz irrigado quanto pela eliminação da queima de resíduos agrícolas da cana-de-açúcar no país.

 

Esse conjunto de estratégias de mitigação voltadas para metano, um dos poluentes climáticos de vida curta (PCVC) que mais contribuem para o aquecimento global, pode levar o setor a uma redução de 28% das emissões de metano em 2035, em relação ao ano de 2020, ano inclusive de referência para o Acordo Global de Metano, assinado pelo Brasil na COP 26 de Glasgow, na qual os países integrantes se comprometem em reduzir as emissões mundiais em 30% até 2030, em relação aos níveis de 2020.

 

A lacuna invisível: a importância de dados qualificados

Além das tecnologias, o documento, aponta a necessidade de melhorar a base de dados, como por exemplo, relacionados à idade e o sistema produtivo de origem dos bovinos abatidos na agropecuária, o que permite um maior planejamento que reduz custos e emissões de metano à atmosfera. A contínua qualificação e quantificação dos dados referentes ao setor auxilia no mapeamento da evolução da adoção de práticas de mitigação, possibilitando compreender e contabilizar melhor tanto as fontes emissoras quanto as práticas e tecnologias que auxiliam na mitigação, especialmente do metano. Um exemplo de sucesso é o desenvolvimento de técnicas onde o mapeamento é cada vez mais detalhado sobre a forma de manejo aplicado em sistemas de produção animal e agrícola.

 

O mapeamento desses gargalos, se apoiando em sistemas já existentes e públicos de coleta, sistematização e disponibilização desses dados, auxiliará o setor a direcionar esforços e recursos em busca da redução de suas emissões diretas e aumento do sequestro de carbono, principalmente pelo solo. Além disso, o relatório inova ao trazer fontes de emissões que atualmente não são contabilizadas de modo oficial, como no caso das pastagens que são queimadas e que permanecem na categoria “pastagens”, trazendo consideração e estratégias de mitigação para essa fonte. A importância de atualizar os fatores de emissão adotados atualmente, com base em estudos mais representativos das realidades regionais e dos diferentes sistemas produtivos brasileiros é primordial. Outra lacuna importante é a ausência de uma linha de base nacional que mostre a abrangência atual das práticas mitigadoras de metano já em uso. Isso dificulta a definição de metas e o acompanhamento da efetividade dessas práticas.

Newsletter

Não perca nenhuma novidade ou oportunidade! Assine nossa newsletter e receba diretamente no seu e-mail atualizações sobre nossos projetos, eventos, cursos, publicações e notícias do setor.


Contato

Sede

Escritórios

    © Todos os direitos reservados.

    Desenvolvido por MarkCom.