No mês em que Brasil e China celebram 50 anos de relações diplomáticas, Imaflora participa do evento BRASIL E CHINA: 50 ANOS DE AMIZADE - Finanças verdes, descarbonização e investimentos, realizado no dia 1º de agosto, em Brasília.
O evento discutiu as perspectivas futuras dessa parceria estratégica, com foco em investimentos em descarbonização e aprimoramento dos fluxos de finanças verdes. Este encontro reuniu representantes dos governos chinês e brasileiro, dirigentes políticos, empresários e especialistas para debater como as finanças verdes podem impulsionar a sustentabilidade e fortalecer a relação econômica entre os dois países. A moderação foi feita por José Reinaldo Carvalho, com a presença de figuras importantes como o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e o Assessor Especial do Presidente da República, Celso Amorim, além do Presidente da Apex, Jorge Viana; Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; Secretário de Comércio do Mapa, Roberto Perosa; e sócia do Vallya Negocios e Investimentos, Larissa Wachholz.
Zhu Qingqiao ressaltou que, ao longo dos 50 anos, as relações entre os dois países avançaram de forma constante, tornando-se um exemplo de respeito mútuo e cooperação vantajosa. Ele destacou a colaboração em plataformas multilaterais como a ONU, a OMC, o BRICS e o G20, enfrentando juntos desafios globais como a expansão do BRICS e a resolução política do conflito na Ucrânia. Zhu afirmou que as relações entre os dois países ultrapassaram o âmbito bilateral, atingindo um nível estratégico e abrangente.
No ano passado, Brasil e China assinaram um documento de cooperação no combate à pobreza e lançaram um projeto de mecanização da agricultura familiar no estado do Rio Grande do Norte. Além disso, a China apoia ativamente a iniciativa brasileira de aliança global contra a fome e a pobreza. Zhu enfatizou a necessidade de promover a globalização econômica de forma mais aberta e inclusiva, fortalecendo campos como a economia digital, a agricultura de baixo carbono, a biotecnologia e a inteligência artificial. Ele concluiu incentivando a continuidade da colaboração para escrever um novo capítulo de amizade sino-brasileira.
A agropecuária, um dos pilares da economia brasileira, foi destaque no evento por ter grande potencial para adotar práticas mais sustentáveis através das finanças verdes. Com a crescente demanda global por alimentos e a necessidade de reduzir o impacto ambiental, o financiamento verde surge como uma solução para a adoção de tecnologias que preservem os recursos naturais. O evento enfatizou a importância de uma agenda conjunta para ampliar as relações comerciais e a exportação de commodities de baixas emissões de gases de efeito estufa, destacando o papel do Brasil e da China na liderança da descarbonização global.
O comércio de carne com a China, um mercado vital para as exportações brasileiras, também foi abordado no contexto da sustentabilidade. A demanda chinesa por carne bovina tem impulsionado a expansão da pecuária no Brasil, gerando preocupações ambientais. O evento destacou como as finanças verdes podem financiar práticas de produção mais sustentáveis, contribuindo para a redução do desmatamento e recuperação de pastagens degradadas. A implementação dessas práticas não só atende às exigências ambientais, mas também fortalece a posição do Brasil como um fornecedor ético e confiável no mercado chinês.
A oportunidade de expansão de produtos lácteos também foi mencionada como uma grande oportunidade para o Brasil, através do uso de plataformas de comercio eletrônico – o que evitaria gastos com infraestruturas na China, permitindo a venda de produtos em diversas cidades chinesas, como acontece com produtos oriundos de outros países como Reino Unido, Peru, Equador e Nova Zelândia que encontraram um nicho de mercado através da venda de seus produtos nas chamadas lojas países dentro das plataformas eletrônicas, beneficiando assim o fortalecimento de uma marca nacional.
Roberto Perosa, secretário de Comércio do Ministério da Agricultura e Pecuária, comentou sobre a relação comercial com a China, que supera 60 bilhões de dólares em exportações de produtos agropecuários. Ele mencionou o rápido diálogo com a China para resolver o desafio da vaca louca em tempo recorde e destacou que, com o novo protocolo para exportação de carne bovina, o Brasil agora exporta 100 mil toneladas de carne bovina por mês para a China. Este avanço inclui a habilitação de quatro novos frigoríficos e 38 novas plantas frigoríficas para o mercado chinês, demonstrando a força e a importância da parceria comercial entre os dois países.
Para saber mais como o mercado chinês pode contribuir com a transição para uma pecuária responsável, legal e mais inclusiva no Brasil, veja o documento InfoBoi, elaborado pelo Imaflora, onde apresentamos o protocolo Boi na Linha como um instrumento de monitoramento, reporte e verificação na cadeia bovina na Amazônia brasileira, legitimada pelo Ministério Público Federal e amplamente utilizada pelas empresas frigoríficas que operam no bioma. O Programa Boi na Linha é uma iniciativa que visa impulsionar a adesão dos frigoríficos que atuam na Amazônia Legal aos compromissos socioambientais, buscando fortalecer o cumprimento do Código Florestal e reduzindo o desmatamento. Desse modo, a, China se torna uma grande aliada no combate à crise climática, ao influenciar a cadeia da bovinocultura brasileira, e gerar grandes mudanças, não apenas no mercado, mas no setor produtivo como um todo.
Acesse aqui o documento InfoBoi. Para assistir o evento na íntegra, acesse este link.