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3º Fórum Futuro do Agro discute adaptação da agropecuária às exigências internacionais e à emergência climática

06/06/2024

Autor(a): Imaflora

“Apesar dos problemas, essa também é uma oportunidade (...). O debate é sobre não perder a oportunidade de mostrar o processo que fazemos no Brasil com visão contemporânea”, afirmou Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal. 

A 3ª edição do Fórum Futuro do Agro aconteceu no Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. O evento foi uma grande oportunidade de reunir acadêmicos, sociedade civil, produtores rurais, governos e instituições financeiras para discutir juntos os caminhos que o agronegócio brasileiro deve trilhar rumo a uma produção mais sustentável.

O primeiro painel, moderado por Patrick Cruz,  editor-chefe da Globo Rural, foi dedicado a discutir as novas regulamentações de importação de commodities da União Europeia, e contou com a presença de André Nassar, diretor executivo da Abiove; Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Legal da Amazônia; Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig/BRF; Ricardo Andrade, assessor de sustentabilidade e relações institucionais do CICB; e Cecília Korber, gerente de projetos da Proforest.

Muito se falou sobre as incertezas e a falta de clareza que rondam a implementação da nova lei de importação de commodities da União Europeia, que passa a valer em 2025. Para os painelistas, a lei tem bons princípios, mas seu processo de construção unilateral, excluindo países interessados e impactados das discussões, atribui a ela aspectos sociais e econômicos preocupantes. Foram citados os esforços de parte da cadeia da carne em avançar com protocolos de rastreabilidade e monitoramento, e também a dificuldade em sistematizar essas iniciativas individuais. Nesse sentido, reforçaram que a Lei Europeia representa uma oportunidade para que essas iniciativas, em vez de se limitarem a um nicho de mercado, componham um processo harmônico de solução a nível nacional, não apenas para atender ao protocolo europeu, mas sim transformar o Brasil em exemplo de país que produz de forma responsável social e ambientalmente.

Marina Piatto, diretora executiva do Imaflora, foi a moderada do segundo painel. Para debater as perspectivas de uma cooperação sustentável entre Brasil e China, contou com Fabio Dias, Head de agricultura regenerativa da JBS; Roberto Perosa, secretário de comércio e relações internacionais do Brasil; Silvia Helena Galvão de Miranda, pesquisadora da ESALQ/USP; Tulio Cariello, diretor de conteúdo do conselho empresarial Brasil-China; Wu Changxue, conselheiro de assuntos agrícolas da embaixada da China. e Miguel Rech, produtor rural de Alta Floresta.

Os painelistas refletiram o quanto os acordos comerciais entre Brasil e China são importantes para ambos os países, e também o quanto a sustentabilidade tem pautado as ações da China e impactado as tendências de consumo da população do país. Essas tendências representam uma possibilidade de mudança positiva mais orgânica dos modos produtivos brasileiros, assim como ocorreu com a produção de carne no padrão chinês.

Silvia refletiu: “Hoje, essas exigências vêm da União Europeia, mas daqui a dez anos podem ser demandas sobre biodiversidade do nosso parceiro chinês. Por isso, acho que já temos uma série de instrumentos e precisamos nos preparar para essa demanda independentemente de onde ela vier, seja da Europa, seja da China”.

Ao compartilhar as estratégias sustentáveis que utiliza na produção de sua propriedade, Miguel Rech trouxe à discussão o desafio de dar escala a esses modos produtivos no Brasil, incluindo pequenos produtores, o que exige acesso à assistência técnica de qualidade, e também uma comunicação mais efetiva com o setor, que seja capaz de sensibilizá-lo para a importância da sustentabilidade para a possibilidade de continuidade do seu negócio.

O terceiro e último painel teve moderação de Camila Souza Ramos, do Valor Econômico, e participação de Antônio da Luz, economista chefe da Farsul; Eduardo Assad, pesquisador da FGV-Agro e Embrapa; Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig/BRF; Vamiré Luiz Sens Junior, gerente executivo de sustentabilidade da Seara; Márcio Madalena, secretário adjunto de agricultura do RS; e Ana Doralina, pecuarista da Associação Produtores Angus. O debate foi sobre a reação do agronegócio frente aos eventos extremos que tem atingido a região Sul nos últimos anos.

Os painelistas comentaram sobre o cenário extremamente desafiador que o estado enfrenta em todos os setores, mas principalmente no meio rural, um exemplo de como as mudanças climáticas tem desencorajado a continuidade da atividade no campo. O momento pede total solidariedade e acolhimento aos que precisam, mas também uma reflexão sobre a urgência de uma transformação sustentável dos modos produtivos e a importância do cumprimento e da manutenção rigorosa das leis ambientais no país.

Leia a cobertura completa dos debates no site do Globo Rural: https://globorural.globo.com/especiais/futuro-do-agro/