Apesar das queimadas e seca extremas que assolam o nosso país em contexto de crise climática, uma boa notícia para a floresta em pé: povos indígenas, de mais de 10 etnias, ribeirinhos e extrativistas tradicionais da região sul do estado do Amazonas, integram o sexto território com atuação da rede Origens Brasil®. Dessa forma, a sociobioeconomia praticada pelos povos da região estará integrada aos negócios éticos praticados pela rede, o que pode resultar em ampliação da produção e valorização dos produtos das comunidades.
“É uma satisfação para nós como extrativistas e ribeirinhos que moram nas comunidades tradicionais, poder participar da rede Origens Brasil® e melhorar nossa produção”, relata Luzia, extrativista da Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama (ASPAC).
O Território Calha do Purus abrange cinco municípios do Amazonas: Canutama, Pauini, Boca do Acre, Tapauá e Lábrea, banhados pelo Rio Purus. A extensão total das áreas contempla5.7 milhões de hectares, demarcados em 22 Áreas Protegidas. Apesar dos esforços dos guardiões da floresta, o desmatamento é uma grande ameaça na região, que faz parte do arco do desmatamento no sul do estado. De acordo com dados do MapBiomas (2023), Lábrea faz parte dos cinco municípios mais desmatados do Brasil.
Em contrapartida, os sistemas produtivos tradicionais e o manejo sustentável feito por povos que compõem o Calha do Purus, são práticas reconhecidas pela eficácia produtiva aliada à conservação das Áreas Protegidas. As Terras Indígenas, Territórios Quilombolas, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável protegem um terço das florestas no Brasil, de acordo com o Instituto Socioambiental. Essas áreas são fundamentais para a conservação da floresta, prioritária para contribuir com o combate da crise climática.
Os novos produtores membros da rede trabalham com o manejo de produtos da floresta, como borracha, murumuru, óleo de copaíba, óleo de andiroba, cumaru, mel, dentre outros produtos da sociobiodiversidade. No território Calha do Purus, suas populações contribuem com a manutenção da floresta em 14 Terras Indígenas e 8 Unidades de Conservação. As economias locais são fomentadas por todas as regiões onde os produtores tradicionais interagem, e suas relações produtivas complementam as culturas de subsistência e garantem alimentos a milhares de outras pessoas dos centros urbanos.
“A entrada do território Calha do Purus no Origens Brasil® amplia nosso impacto enquanto rede referência de comércio ético. A grande diversidade do território e a presença de instituições de apoio e organizações comunitárias fortalecidas propiciarão a ampliação de relações comerciais com diálogos qualificados - uma das premissas da rede. Memorial Chico Mendes, Idesam e WWF compõem um excelente arranjo junto às associações de base, agregando não só conhecimento técnico, mas o olhar para conservação da floresta e soluções criativas para a mitigação das mudanças climáticas. Ter, especialmente, o Memorial Chico Mendes conosco é motivo de muito orgulho. Uma organização, que tem dentre seus objetivos a disseminação das ideias e da luta de Chico Mendes, agregará muito às nossas reflexões sobre a economia da floresta e o protagonismo das populações tradicionais.”, analisa Patrícia Machado, coordenadora de Articulação Territorial da rede Origens Brasil® no Imaflora.
Com essa expansão, chegam as novas organizações membros para fortalecer a maior rede de negócios éticos da Amazônia, as organizações comunitárias ASPACS - Associação de Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha e ASPAC - Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama, além das instituições de apoio que atuam no território IDESAM, Memorial Chico Mendes e WWF.
Crédito fotos: Christian Braga - Fotos cedidas pela WWF