Um dos principais propósitos do Imaflora em quase trinta anos de existência é contribuir para que as cadeias florestais e agropecuárias se tornem mais sustentáveis e responsáveis. Para tornar isto realidade, fomos os pioneiros em trazer as certificações florestais e agrícolas para o Brasil.
Ao longo dos anos, aproveitamos nossa expertise com as certificações para diversificar e criar novas soluções de rastreabilidade, balanço de emissões, auditorias e protocolos de monitoramento, reporte e verificação desenhados conforme as demandas de cada produtor ou empresa. Com isso, contribuímos também para reformular o sistema agroalimentar observando as necessidades de adaptação à crise climática, além de ampliar a adoção de boas práticas socioambientais nas cadeias agropecuárias, um dos alicerces do nosso planejamento estratégico.
Em 2024, atividades de impacto socioambiental positivo, como devida diligência, agricultura regenerativa, balanço de carbono, mitigação de riscos e relacionamento com comunidades foram algumas das principais demandas das empresas junto ao Imaflora. Essa movimentação mostra que o setor empresarial está preocupado com sua responsabilidade em contribuir com o enfrentamento da crise e, mais ainda, que é possível promover a legalidade ambiental e direitos humanos nas cadeias florestais e agropecuárias.
Exemplo disso é o programa ReSafra, formulado em 2024 em parceria com a Solidariedad e a Raízen, que audita e certifica empresas de mão de obra terceirizadas. O serviço se inicia no setor da cana de açúcar, mas pode ser replicado para outras culturas.
A certificação continua sendo um dos nossos pilares para garantir que determinado produto tem uma origem e garantia de produção sustentável. Em 2024, aumentamos nosso portfólio de clientes de certificações e verificações agrícolas, com destaque para a Verificação da Plataforma SAI, cuja participação no Brasil por parte do Imaflora gira em torno de 15% a 20%. Isso é um reflexo da indústria agrícola preocupada em envolver seus fornecedores em critérios socioambientais.
Ainda no âmbito da legalidade e direitos humanos no campo, outro serviço que ganhou bastante escala em 2024 foi a avaliação de impacto socioambiental. Em um projeto com uma grande empresa da área de biocombustíveis, por exemplo, fomos responsáveis pela avaliação prévia de áreas, dialogando com as comunidades do entorno para analisar e mitigar impactos.
A participação das comunidades e outras partes interessadas também ganhou reforço nos novos padrões lançados pelas certificações florestais PEFC e FSC, que contaram com participação bastante ativa do Imaflora na definição de novos critérios envolvendo temas como assédio, preconceito e combate à discriminação.
Além de promover a recuperação de áreas degradadas, é importante evitar que novas áreas sejam desmatadas. É neste sentido que atua o programa Boi na Linha, que ampliou seu alcance em 2024, com o lançamento do Protocolo de Monitoramento Voluntário de Fornecedores de Gado no Cerrado, além da articulação dos diferentes elos da cadeia por meio de oficinas de capacitação. O impacto do programa pode ser medido pelo percentual de gado abatido na Amazônia coberto pelo segundo ciclo de auditoria do TAC, de cerca de 64%.
Mas, se de um lado é importante promovermos boas práticas de produção no campo, também é preciso mensurar os impactos proporcionados por elas. Em carbono, fizemos um estudo sobre as emissões do café, por meio do serviço Carbon on Track. Foi realizado um estudo na cafeicultura capixaba que identificou que o manejo baseado em boas práticas obteve balanço de GEE mais favorável do que o manejo tradicional.
O que observamos em 2024 foi um movimento dos setores e das cadeias florestais e agropecuárias em busca de práticas de produção mais sustentáveis, regenerativas, com garantia de rastreabilidade e de baixas emissões. Acreditamos na maturidade e no aumento da consciência do segmento de que é preciso contribuir para que o Brasil alcance suas metas de redução de emissões, para que o próprio setor empresarial não seja atingido e possa garantir safras que atendam à demanda interna e também externa por alimentos e commodities.