Pela primeira vez, os produtos do agro extrativismo das comunidades quilombolas vão chegar ao prato dos alunos das escolas da rede municipal de Oriximiná, na Calha Norte, Pará. O cardápio, até então, baseado em produtos industrializados, distantes da cozinha regional e dos hábitos culturais dos quilombolas, ganhará jerimum, macaxeira, banana e farinha de mandioca, entre outros alimentos, cultivados nas roças locais.
Esse começo de mudança é resultado do acordo recém-assinado entre os comunitários e a Prefeitura do município, para fornecimento da merenda para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Além do ganho nutricional na alimentação dos estudantes e do resgate dos hábitos culinários tradicionais, a inserção das comunidades no Programa para a geração de renda das famílias, a partir de atividades que dialogam para com a floresta em pé e com o modo de vida tradicional quilombola.
Os primeiros passos para essa conquista foram dados em 2011, como parte da estratégia de atuação do IMAFLORA nas Unidades de Conservação, em parceria com a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Município de Oriximiná, Cooperativa Mista Extrativista dos Quilombos de Oriximiná e com a Kirwane, ONG sediada em Oriximiná.
O fortalecimento dos agricultores familiares e dos povos da floresta, que guardam as entradas dos 22 milhões de hectares de mata tropical é, no entender do IMAFLORA, um dos pilares mais importantes na luta contra o desmatamento. Dessa perspectiva, quatro unidades de beneficiamento de alimentos estão sendo construídas em Oriximiná, com o objetivo de agregar valor aos produtos e consolidar a participação dos quilombolas no mercado institucional com atividades que aliam práticas agrícolas e florestais responsáveis, geração de renda e conservação dos recursos naturais.