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Concurso de Merendeiras Quilombolas em Oriximiná elege receitas que ressaltam a cultura e os saberes tradicionais

30/07/2025

O projeto "Capacitação de Merendeiras em áreas rurais da Amazônia", uma iniciativa do Programa Florestas de Valor do Imaflora, em colaboração com a Secretaria Municipal de Educação de Oriximiná (Semed) e o apoio financeiro da Fundação Carrefour, concluiu sua última etapa com o I Concurso de Agentes da Alimentação Escolar Quilombola.

 

O presidente da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), Rogério Pereira, ressaltou a importância, tanto do ponto de vista do fortalecimento da cultura, quanto do resgate ancestral da cultura alimentar quilombola. 

 

“Este projeto tem uma importância muito grande para nós porque ele tem a valorização da cultura local da alimentação, na qual a gente tem uma tradição nas nossas comunidades e que ela acaba deixando de ser aplicada nas nossas comunidades e esse projeto que o Imaflora traz fortalece o nosso processo de alimentação”, Rogério Pereira.

 

Impacto e legado na educação e economia local de Oriximiná.

Grupo de pessoas em pé posando para foto

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Da esquerda para a direita: Rogério Oliveira - Presidente da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO); Maria Farias - Coordenadora do escritório regional do Imaflora em Alter do Chão; Ivana Maria Pereira de Souza – Secretaria Municipal de Educação de Oriximiná (Semed); Domênica Falcão - Consultora de Impacto Social do Grupo Carrefour Brasil; Patrícia Cota- Diretora Executiva Adjunta do Imaflora; Maria Daiana Silva – Presidente da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora); Kethellen de Paula Santos Alves – Nutricionista da Semed de Oriximiná; e Mateus Feitosa, analista técnico do Programa Florestas de Valor do Imaflora.

 

A valorização das merendeiras tem um impacto social profundo, pois elas ocupam um papel central na comunidade escolar, sendo fundamentais para a promoção da segurança alimentar e nutricional. Seu reconhecimento gera uma série de benefícios: incentiva hábitos alimentares saudáveis, contribui para o melhor desempenho acadêmico dos estudantes, fortalece o empoderamento profissional e social, promove a geração de emprego e renda na comunidade e estimula práticas sustentáveis, como o apoio à agricultura familiar e à conservação da floresta em pé. 

 

“Essa é uma oportunidade única da gente mobilizar os diferentes atores, para juntos estimular uma produção tradicional quilombola, que conserva a floresta em pé e, ao mesmo tempo, estimula uma alimentação mais saudável nas escolas, gerando renda para a população que vive aqui”, ressaltou Patrícia Cota, diretora adjunta do Imaflora.

 

A valorização das merendeiras não é apenas uma questão de justiça social e reconhecimento do trabalho essencial, mas uma estratégia que causa impacto positivo na saúde, educação, bem-estar humano e desenvolvimento econômico de toda uma comunidade.

 

A partir deste projeto, é possível contribuir para o fortalecimento de toda uma cadeia, que vai desde o pequeno agricultor, que produz e comercializa dentro do município para o Programa de Alimentação Escolar (PNAE), acessado pela Secretaria de Educação local, que retorna para a mesa do estudante como um alimento aprimorado em um ambiente acolhedor. 

 

“Acreditamos que combater a fome e as desigualdades passa, também, por investir em educação alimentar e nutricional. A formação de merendeiras e merendeiros contribui para a oferta de uma alimentação escolar mais saudável, acessível e conectada com a cultura local, fortalecendo os vínculos entre alimentação escolar, desenvolvimento infantil e agricultura familiar”, frisou Domênica Falcão, Impacto Social do Grupo Carrefour Brasil.

 

Se de um lado há o legado na geração de renda, do outro há o desenvolvimento acadêmico e o bem-estar dos alunos que passam a ter melhora no desempenho escolar e em muitos casos, redução da evasão escolar, uma vez que a qualidade do alimento pode ser um fator decisivo para a permanência e aproveitamento no aprendizado.

 

“Tivemos a conclusão de um momento muito significativo, que trouxe inúmeros benefícios para a educação em nosso município, especialmente para as nossas merendeiras. São elas que preparam e organizam todo ambiente escolar para os nossos alunos e estão saindo com amplo conhecimento em uma nova visão de mundo. Os alunos que terão uma alimentação ainda mais saborosa e rica em nutrientes”. Enfatizou a secretária de Educação de Oriximiná Ivana Maria. 

 

Do planejamento à realização do concurso.

Tigela com comida na mesa

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Exposição dos pratos

 

Mateus Feitosa, analista sênior do Imaflora, falou que foram cinco meses de projeto dividido em duas etapas, que foram desde as formações até a seleção das receitas nas comunidades, além do concurso.

 

“Nós desenvolvemos duas ações onde trabalhamos toda a parte de treinamento destas agentes, com temas como reaproveitamento de alimentos, a importância da diversidade cultural e alimentar dos quilombos de Oriximiná, e sobre a Política de Alimentação Escolar, que é esse programa que faz toda essa engrenagem acontecer. A gente tratou dessa formação, e podemos testar receitas e trazer um olhar para a alimentação saudável nesta mescla de saberes”.

 

Na segunda e decisiva fase, na sede do município, na Escola Professor Assunção, em Oriximiná, quatro receitas disputaram a atenção dos jurados. Na grande final os pratos apresentados foram: Tucunaré a Leite de Castanha, Comunidade Jamari; Galinha Caipira Ensopada com Legumes, Comunidade Tapagem; Peixe Moqueado Quilombola, Comunidade Poço Fundo; e Torta Salgada de Macaxeira, Comunidade Serrinha.

 

As premiações seguiram critérios rigorosos: cada receita precisava ser preparada com ingredientes da agricultura familiar local, ter potencial para ser incorporada ao cardápio da merenda escolar do município, além de ser nutritiva e visualmente atrativa. O prato escolhido pelo corpo de jurados foi o Peixe Moqueado Quilombola, uma receita enraizada na ancestralidade e nos saberes tradicionais da comunidade. 

 

“Esse prato é da minha autoria, eu pensei que fosse difícil porque eu nunca fiz um prato desse, mas foi fácil e gostoso. O concurso serviu para resgatar a cultura e buscar lá nas raízes dos nossos antepassados, comidas ricas, que tem no nosso território e as crianças gostam porque são acostumados com as coisas da terra, e do seu território”, comentou orgulhosa dona Marilda Otília Oliveira, que trabalha como agente de alimentação escolar na Escola São Francisco de Assis na comunidade quilombola de Poço Fundo.

 

O Futuro do projeto: um livro de receitas para a soberania alimentar.

 

Para a terceira etapa deste projeto, o Imaflora planeja a confecção de um livro de receitas com ingredientes da agricultura familiar e quilombolas, que reunirá as receitas levantadas tanto no Norte do Pará, em Oriximiná, quanto em São Félix do Xingu, onde o projeto também foi desenvolvido.

 

O principal objetivo é sistematizar todo o aprendizado e as receitas, criando um produto que não só promova a soberania alimentar, mas também valorize essas ricas tradições culinárias amazônicas. O livro servirá como um guia essencial para as agentes de alimentação, incentivando a oferta de uma alimentação saudável e culturalmente relevante nas escolas, além de gerar novas oportunidades de renda para os produtores locais.

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