Programas de capacitação e ampliação de renda feitos em parceria com o Imaflora incentivam a independência financeira e a liderança feminina.l
A participação das mulheres na força de trabalho do campo é bastante significativa. Elas correspondem a 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Para destacar a relevância do papel feminino na produção agrária, a ONU institui, desde 1995, a data de 15 de outubro como Dia Internacional das Mulheres Rurais.
Em São Félix do Xingu, as mulheres têm um papel importante na economia agrícola local. A Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta (AMPPF) é responsável pelo fortalecimento do empreendedorismo rural feminino na cidade do Pará. A AMPPF está em atividade desde 2012 e conta com 30 associadas. Maria Helena Gomes, de 31 anos, é uma delas. A agricultora, que faz parte do conselho fiscal da associação, foi uma das primeiras participantes do grupo. A produção e a comercialização de polpa de fruta proporcionou mudanças para as mulheres, ela observa. “Trouxe liberdade de escolha para a gente. A mulher que vive na zona rural ainda é muito dependente do marido, não tem tanto poder financeiro e a produção da polpa de fruta nos dá esse suporte.”
Para Maria Helena, mais do que empreender, a capacitação para desenvolver essa atividade é fundamental para as agricultoras. “Com esse conhecimento, tivemos oportunidade de buscar um preço melhor para nosso produto. A nossa propriedade se destaca das demais por conta dos benefícios que as capacitações trazem”, afirma. E, para isso, as mulheres rurais de São Félix do Xingu contam com o apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
Por meio de parceria, que também envolve a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a AMPPF tem realizado treinamentos e inserido em suas ações discussões sobre gênero e protagonismo feminino. “A cada dia essa pauta se torna mais incidente e o resultado tem sido uma maior participação das mulheres na Associação e nas instâncias de tomada de decisão na propriedade, na família e nos diversos espaços de decisão sobre políticas públicas para a agricultura familiar”, afirma Celma Gomes de Oliveira, Coordenadora de Projetos do Imaflora.
Recentemente, as produtoras estão voltadas a alternativas sustentáveis e passam por um momento de transição agroecológica. Já foi implementada uma área de cerca de 14 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e a perspectiva é de aumento, com a meta de atingir 20 hectares em 2022.
Para a ampliação da produção nas áreas de SAFs, as mulheres rurais de São Félix do Xingu vêm participando do programa de capacitação para adoção de novas técnicas agroecológicas e que aborda caldas protetoras, uma forma natural de controle de insetos e pragas, o que diminui a necessidade de agrotóxicos, preparo de biofertilizantes líquidos, podas e formação de novas áreas. Além das capacitações, o projeto desenvolvido pelo Imaflora junto à AMPPF conta com um viveiro de mudas de essências florestais e frutíferas com capacidade produtiva de 15 mil mudas por ano. A implantação do viveiro foi realizada através da parceria com o programa Territórios Sustentáveis do estado do Pará e com apoio da Cargill e Instituto Humanize.
Produção ampliada
A circulação dos produtos da AMPPF é significativa na economia de São Félix do Xingu. Atualmente, as 20 toneladas anuais de polpas de frutas são comercializadas no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e na venda direta aos professores da Unifesspa, técnicos e comércios locais. Mas, ainda que sejam carro-chefe da associação, as polpas de fruta não resumem a produção da AMPPF. A ampliação de produtos hortifrutigranjeiros é outra iniciativa que vem sendo desenvolvida em parceria com o Imaflora para fortalecimento da produção feminina. Se antes era desenvolvida para a subsistência das famílias das mulheres, atualmente a produção nas hortas têm se voltado para a comercialização e aumentado a renda familiar.
As perspectivas são de crescimento para o futuro. Nos próximos oito anos, a produção deverá chegar a 140 toneladas, a partir da reforma e adequação da usina de beneficiamento de polpas de frutas e a consolidação das áreas de sistemas agroflorestais.
Sobre o Imaflora
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país. Mais informações: www.imaflora.org