Sessões de capacitação realizadas por Imaflora, Coopaflora e Iepé fortalecem a cadeia produtiva no estado e intensificam intercâmbio de saberes
São Paulo, 29 de agosto de 2022 - Produtos do extrativismo têm lugar importante para a economia da floresta. As cadeias produtivas da copaíba e do cumaru, produtos genuinamente amazônicos, são um exemplo do resultado de combinar a valorização da floresta em pé à força do cooperativismo, o conhecimento de boas práticas de manejo à exigência de mercados consumidores já acessados por meio de parcerias.
Entre Julho de 2021 e Julho de 2022, a comercialização das duas espécies somadas gerou renda superior a 840 mil reais para indígenas, quilombolas e assentados integrantes da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora). Buscando fortalecer ainda mais essas cadeias e gerar renda por meio de impacto positivo, quilombolas participantes da Coopaflora e indígenas da região de Oriximiná se reúnem para uma série de oficinas com trocas de conhecimentos teóricos e práticas sobre ambas as cadeias produtivas. A atividade é resultado da parceria entre a cooperativa, o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
A região promoveu um intercâmbio robusto de informações e saberes entre quilombolas e indígenas com foco no desenvolvimento econômico sustentável. Lorenaldo Almeida, quilombola cooperado e instrutor de uma das oficinas, destaca o diferencial que capacitações como essa, associadas ao saber tradicional, trazem para o extrativismo local. “Conseguimos entender melhor toda a cadeia. Passamos a enxergar o potencial da floresta, a melhor forma de trabalhar com ela e até o melhor preço para o mercado, o que valoriza nosso produto”. Entre os quilombolas, a produção já está consolidada. Lorenaldo observa que o apoio de parceiros, como o Florestas de Valor, programa do Imaflora, com patrocínio da Petrobras, foi fundamental nesse processo.
As duas cadeias produtivas têm um grande potencial econômico. O cumaru, por exemplo, tem importância para os setores alimentícios e de cosméticos por conta de suas propriedades. A valorização da bioeconomia passa pela compreensão de extrativistas e empresas de que a árvore vale muito mais em pé do que sendo devastada para dar espaço ao pasto ou para comercialização da madeira. “Do trabalho de reconhecimento das atividades extrativistas e dos seus produtos, conectando as organizações comunitárias com empresas que tenham responsabilidade socioambiental, conseguimos começar um ciclo que ajuda na
consolidação de relações transparentes e justas entre os elos das cadeias que contribui para mudanças na lógica do mercado”, destaca Jonas Gebara, coordenador de projetos do Imaflora. Através de parcerias e comercialização com empresas que adquirem produtos da floresta, o trabalho da Coopaflora se torna exemplo para outras comunidades, possibilitando a expansão e fortalecimento dessas cadeias produtivas a partir da lógica de valorização dos extrativistas e de seus territórios.
O Florestas de Valor é uma iniciativa do Imaflora que busca fortalecer as cadeias de produtos florestais não madeireiros, dissemina a agroecologia para que as áreas protegidas e seu entorno contribuam para o desenvolvimento regional, proporcionando a manutenção das populações locais em seus territórios aliada a conservação dos recursos naturais. O programa atua na conservação da floresta na região do norte do Pará e no município de São Félix do Xingu, fomentando atividades produtivas e oportunizando a geração de renda na Amazônia Legal brasileira.