A cartilha e vídeos apresentados no encontro foram desenvolvidos no âmbito do Projeto Florestas Coletivas.
“A comunidade precisa estar organizada, se ela não estiver não vai funcionar para todos que estão no território, tem que ser bom pra todos e pra natureza”. A fala João Gomes, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alenquer, no baixo Amazonas, Pará, resume o que foi tratado no encontro realizado em 10 de novembro em Santarém, para disseminar os resultados do projeto Florestas Coletivas. Representantes de associações quilombolas e de assentados da calha norte do rio Amazonas foram convidados a refletir sobre o manejo florestal e as recomendações técnicas para que suas comunidades possam realizar acordos comerciais com empresas responsáveis para a exploração responsável de madeira, de modo a induzir parcerias que sejam justas e equitativas.
O manejo florestal é uma alternativa para produzir com baixo impacto ambiental, permitindo que os produtos e os serviços das florestas sejam utilizados e também conservados. O modelo tem conquistado cada vez mais espaço como uma alternativa de desenvolvimento rural e de geração de renda para as comunidades extrativistas e povos tradicionais no Brasil. Quando feito em territórios coletivos ou familiares da Amazônia, realizado pelas próprias comunidades, ou através de parcerias com empresas, pode atender rapidamente a demanda por madeira em tora da indústria regional vinda de florestas responsáveis que atendem a legislação brasileira.
Em experiências anteriores de acordos entre comunidades e empresas para a exploração das florestas coletivas, muitas comunidades acabam criando dependência do parceiro comercial enquanto suas florestas eram empobrecidas pela exploração florestal mal conduzida, sem um ganho de capital social ou econômico. “Entretanto, com os devidos cuidados técnicos, de identificação de capacidades e de limitações internas, e com o apoio de parceiros, esse mecanismo tem o potencial de alavancar o manejo responsável de florestas na Amazônia, trazendo benefícios às comunidades detentoras de florestas”, destaca Marco Lentini, coordenador sênior de projetos do Imaflora, um dos responsáveis por conduzir o evento realizado em Santarém. “A nossa cultura é muito importante. Precisamos levar nossa cultura em consideração em quaisquer projetos que venhamos a desenvolver em nosso território”, destacou Lorenaldo Almeida, conhecido como ‘Bito’, do território quilombola Erepecuru, localizado no município de Oriximiná.
A atividade reuniu 16 pessoas, entre jovens, mulheres e homens dos municípios de Alenquer e Oriximiná, moradores de territórios quilombolas e do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Paraíso. No evento foram discutidos em conjunto os pontos que precisam ser levados em conta pelas comunidades antes de investir na possibilidade de firmar um acordo comercial, os modelos possíveis para estes acordos em relação à condução do manejo florestal, e as salvaguardas ambientais e sociais mínimas que devem ser consideradas formalmente em futuros contratos de parcerias.
O Projeto Florestas Coletivas foi desenvolvido pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) no estado do Pará e pelo Idesam no Amazonas, contando com o suporte financeiro da Clua – Climate and land use Alliance. A iniciativa tratou dos acordos entre comunidades e empresas, produzindo uma cartilha, vídeos como subsídio audiovisual e irá construir também minutas de acordos comerciais que poderão orientar as comunidades. Em outubro, já haviam sido realizados dois encontros virtuais - um evento fechado para debate apenas entre os beneficiários diretos do projeto e um outro aberto transmitido no Youtube.
Acesse a cartilha aqui.
Assista os vídeos aqui.
Assista o evento virtual Fórum Florestas Coletivas aqui.