Membros da equipe e do conselho do Imaflora que participaram da canoada
Entre
os dias 5 a 11 de setembro, parte da equipe e do conselho do Imaflora participou
da Canoada bye bye Xingu, realizada pela parceria Aymïx - Associação Yudjá Miratu
Xingu e Instituto Socioambiental - ISA. Para o Imaflora a atividade fez parte
da celebração de seus 20 anos criando-se a oportunidade de promover a interação
entre equipe e conselheiros em um ambiente estimulador e provocante.
Foram
dois dias de preparação conduzida por especialistas na temática e lideranças
indígenas e ribeirinhas, atingidos de alguma maneira pela obra, nos transmitindo
informações sobre o contexto da região, status da obra, instruções sobre as
canoas tradicionais e procedimentos de segurança, logística e apoios
organizados ao longo percurso, além da bagagem a ser levada.Nos 4
dias subsequentes tivemos como rumo remar os 110 Km descendo o rio, desde
Altamira até o final da Terra Indígena Paquiçamba, no trecho conhecido como a
Volta Grande do Xingu, sobre a orientação e cuidado de indígenas e ribeirinhos conhecedores
daquele pedaço de rio como a palma da mão. O pano de fundo foram lugares
incríveis onde pudemos conhecer seu povo, as maravilhas daquele pedaço de
paraíso na terra entre cachoeiras e remansos, literalmente uma imersão no rio
Xingu. A felicidade daquelas pessoas de
serem escolhidas para a canoada por nascerem e viverem ali, ficou muito evidente
assim como a percepção da força que possuem em tentar de tudo para que o modo
de vida não se esvaia junto com a água, a qual diminuirá em até 80% devido o
desvio do rio para o lago principal.E foi
assim que 40 pessoas selecionadas de diferentes áreas de atuação, das quais 5
Conselheiros (Célia, Tasso, Zuzu, Ricardo e Rubens), 4 membros da equipe
(Helga, Lisandro, Alexandre e Milton) e o atual secretário executivo do
Imaflora (Mauricio), vivenciaram esses 4 dias sem internet, sem telefone,
somente com um rádio para urgências, mas muita amizade, empolgação,
deslumbramento, e uma imensa incerteza sobre onde tudo aquilo vai dar.A
intenção da viagem era mesmo a interação entre a equipe do Imaflora, entre a
equipe e o conselho do Imaflora e a interação com os outros participantes
selecionados. Foi uma ótima oportunidade para nos conhecermos melhor em conversas
informais, estreitar os laços, participar das rodas de conversas de alto nível,
desta forma abrindo nossos horizontes, fazendo desta uma experiência única em
nossas vidas.No decorrer do
percurso as canoas faziam paradas estratégicas em praias da “terra” ou das
ilhas, onde podíamos nos refrescar, alimentar, ouvir causos dos guias,
descobrir histórias com os conselheiros, mas acima de tudo ir percebendo as
alterações que estão consolidadas e as inúmeras outras que virão e ainda não se
tem certeza do real impacto que causarão. Fizemos a transposição na barragem
principal escoltados por guardas da força nacional, depois fomos recebidos como
diplomatas pelas famílias da Ilha da Fazenda, onde parte dos guias puderam rever
seus familiares. Paramos também em frente a Aldeia Miratu, dos índios Juruna,
na TI Paquiçamba uma das mais atingidas por Belo Monte para conhecer as pessoas
e familiares dos guias que nos orientavam como pais, e sermos brindamos com uma
dança tradicional.
No último acampamento
tivemos a maravilhosa experiência de pernoitar ao lado da Cachoeira Grande, uma
das regiões únicas do Xingu. E, como quase que naturalmente, não poderia ter
lugar melhor para uma roda de conversa sobre a diversidade socioambiental do
Xingu e o seu futuro. Tivemos também a oportunidade de conhecer outras inúmeras
cachoeiras, sendo a de Jeriquá uma das imagens marcantes de toda excursão.
Terminamos
a nossa imersão voltando a “realidade”, tomando um choque ao conhecer o gigante
canal que desviará as águas do rio Xingu ao lago principal (reservatório) de
Belo Monte. A obra tem a magnitude do canal do Panamá em relação a quantidade
de terra e pedras escavadas/retiradas, mas ainda assim insuficiente para calar
a voz e o canto daqueles povos que tem muito a dizer e ensinar. “Em todos os meus anos de Imaflora, posso
afirmar sem dúvidas que este momento foi único, onde apesar da agenda apertada
de todos conseguimos reunir membros de peso do Conselho do Imaflora para uma
campanha de uma semana, incluindo membros da equipe de diversas áreas,
Presidente, Vice e Secretário Executivo do Imaflora, sem contato com Internet,
agendas, e muitas vezes sem nenhuma comunicação. Isso só não foi mais grandioso
que a causa que ora abraçamos, cada um na sua competência, e área de
influência.” Milton Ferreira.
Veja também:
Vítimas de uma guerra amazônica-
Expulsos por Belo Monte, Raimunda e João tornam-se refugiados em seu próprio
país. Por Eliane Brum.
Belo Monte, a idade da pedra.
– Por
Ricardo Abramovay, 20/09/2015IBAMA nega licença para
encher o lago de Belo Monte – Valor Econômico, 22/09/2015.
Experiências e vivências da equipe e conselho do Imaflora, uma literal imersão no Xingu
28/09/2015
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