Quais as perspectivas para o setor florestal em 2022? Buscando responder esta pergunta, o Fórum de Soluções em Legalidade Florestal, facilitado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), realizou seu terceiro encontro na terça-feira, 14 de dezembro. O evento virtual marcou um ano da criação do Fórum, um espaço de diálogo e debate sobre soluções para o setor que estejam alinhadas à conservação da floresta. A terceira edição contou com representantes de organizações não governamentais, entidades do setor, produtores nacionais além de compradores europeus.
Leonardo Sobral, gerente florestal no Imaflora, trouxe uma contextualização do mercado de madeira tropical no Brasil, destacando o avanço para regiões mais centrais da Amazônia e queda na produção nas últimas duas décadas. As análises do Imaflora indicam que o mercado consumidor continua, majoritariamente, interno, consumindo cerca de 90% da produção madeireira. A partir destas análises, Sobral apresentou algumas ações que devem ser priorizadas em 2022 para fomentar a produção responsável como o apoio as concessões florestais, especialmente nos estados; aprimoramento de modelos de acordos entre comunidades e empresas para o manejo florestal, fomento do uso de espécies menos conhecidas; sensibilização e desmistificação do uso da madeira na construção civil; validação de ferramentas de mapeamento e análise de riscos em cadeias produtivas madeireiras da Amazônia e apoio aos governos subnacionais em mecanismos e regulações para compras públicas sustentáveis.
Entre os painelistas, estava Kasper Kopp, da dinamarquesa Keflico, participante da Amazon Initiative, que reúne trinta empresas de 10 países europeus que compram madeira brasileira e estão comprometidas em adquirir o produto de origem comprovadamente responsável, destacou que o foco é chegar no suprimento de 100% da madeira vinda destas fontes, com interesse especial em madeiras vindas de concessões florestais. Consolidação do Documento de Origem Florestal (DOF)/Guia Florestal para otimizar a questão da exportação com integridade florestal e integração dos sistemas (Sistemas de Comércio Exterior) estão entre as melhorias para o setor avançar na agenda positiva nos próximos anos, segundo apontou Eduardo Leão da Presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de madeiras do Estado do Pará (AIMEX).
“Não temos uma padronização de medidas nas dimensões da madeira tropical, cada madeireiro corta em uma dimensão, não existe uma padronização do setor produtivo. Além disso, temos uma subvalorização da biodiversidade das espécies florestais e por isso, poucas espécies que possuem interesse comercial sofrem pressão ecológica”, destacou Alan Dias, diretor de Negócios e de Engenharia da CROSSLAM Brasil em relação ao setor da construção civil durante o encontro do Fórum. Entre os caminhos Alan aponta o fomento a fábricas que utilizam madeira engenheirada, tendo em vista que esta tecnologia permite o uso de espécies de alta abundância na floresta e de baixa densidade, que através de tecnologia podem apresentar condições estruturais interessantes para construção civil.
Rodrigo Moreira, diretor executivo da Controladoria Geral do Estado de Rondônia, trouxe para debate no Fórum informações a partir de uma auditoria operacional da integridade do setor florestal de Rondônia realizada em outubro com apoio da Transparência Internacional – Brasil, pontuando medidas importantes para o fortalecimento do fomento à economia florestal e o combate à exploração ilegal de madeira no Estado. Os roteiros de verificação em campo para auditoria florestal não seguem um padrão definido e variam em função da interpretação individual de cada auditor em campo. Neste sentido, foi sugerido refazer uma leitura da legislação para padronizar a interpretação e assim aumentar a segurança jurídica das multas ambientais.
O Fórum de Soluções em Legalidade Florestal, é parte da estratégia da Iniciativa Legalidade Florestal do Imaflora, que tem por objetivo aumentar a área de floresta natural sob manejo florestal responsável. Sua atuação também acontece através de dois grupos de trabalho: Produção e Desenvolvimento Florestal e Ambiente de Negócios e Mercados.