Parte dos recursos dos contratos firmados pela instituição é destinado a subsidiar certificações de pequenos produtores
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma organização fundada há 25 anos, com o compromisso de demonstrar que é possível unir produção e conservação, combinando benefícios às pessoas, ao meio ambiente e à economia. No entanto, parte pouco conhecida da história dessa organização que também é uma certificadora é a do seu Fundo Social. Uma ferramenta que permite levar as certificações aos pequenos produtores e às comunidades locais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dessas populações.
A iniciativa funciona assim: para cada contrato de certificação firmado pelo o instituto com uma empresa, 5% dos recursos são destinados para o subsídio de certificações de pequenos produtores de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, agricultores familiares e apoio a projetos sociais. Com isso, eles têm acesso a certificações que ajudam a melhorar seus sistemas de gestão e que agregam valor a seus produtos, além de conseguirem acesso a mercados que valorizam esse modo de produção que mantém a floresta em pé.
Além disso, o Fundo Social tem como objetivo, também, realizar investimentos e financiar projetos que fortaleçam as atividades das comunidades beneficiadas. Em 2020, foram R$ 300 mil investidos, beneficiando 19 instituições. Entre 2013 e 2017, o montante investido foi de mais um milhão de reais.
Benefícios à comunidade
Entre os beneficiários do programa, está a Cooperativa de Produção e Extrativismo Sustentável da Floresta Indígena Garah Itxa, do Povo Paiter Suruí, localizada na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, Rondônia. Em 2016, eles receberam a certificação florestal de manejo de baixa intensidade FSC® (Forest Stewardship Council®) para a produção de castanha-do-Brasil. Cerca de 69 trabalhadores já foram beneficiados em duas comunidades indígenas, em quase 500 hectares de manejo certificado.
Almir Narayamoga Suruí, líder do povo indígena, afirma que a certificação é uma forma de reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela comunidade. “A certificação valoriza o produto da floresta, porque a nossa meta é levar produto da floresta de qualidade aos consumidores”, afirma. Para ele, a certificação reconhece, também, a produção da castanha que “respeita os critérios ambientais e a vida social de todos os envolvidos, principalmente os povos indígenas”, disse.
Almir conta que possivelmente, sem o apoio do Fundo Social do Imaflora, a comunidade não conseguiria acessar a certificação. “O fundo social foi importante porque esse tipo de desafio nós não conseguiríamos realizar sozinhos” relatou.
“Entendo a certificação também como uma ferramenta da gestão”, Almir afirma ainda que a comunidade trabalha para manter os padrões da certificação – que devem ser avaliados anualmente em ciclos de cinco anos – como forma de mostrar que é possível trabalhar com responsabilidade. “Seremos sempre capazes de acreditar que podemos construir nosso próprio destino, sabendo que o desenvolvimento sustentável é um instrumento importante para o futuro das novas gerações”, afirmou o líder indígena.