Participar e colaborar com a disseminação dos debates relacionados à crise climática faz parte do propósito do Imaflora. Portanto, foi bastante gratificante cooperar com as pautas e repercussões midiáticas no Brasil sobre a reunião preparatória para a COP 28, que acompanhamos presencialmente entre 5 e 15 de junho, em Bonn, na Alemanha. O evento, que marcou o 58º encontro dos órgãos subsidiários (SB58) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), teve expectativas frustradas (leia a análise completa aqui), mas rendeu algumas boas reflexões na mídia.
Para o Terra Viva, importante canal de comunicação sobre soluções para o agronegócio, a gerente de Clima e Emissões, Isabel Garcia-Drigo, deu uma entrevista falando sobre as expectativas da Conferência de Bonn e destacando o foco do Imaflora nos debates dos temas associados, principalmente, à agricultura, às florestas e aos povos tradicionais.
“Com os planos e políticas públicas que já existem no Brasil, podemos contribuir com outros países fazendo nossa lição de casa e servindo como exemplo de agricultura de baixo carbono. Também vamos participar dos debates em torno do mercado de carbono florestal, que está sendo regulado e que tem implicações para os povos indígenas e comunidades tradicionais, no que diz respeito à salvaguarda socioambiental", explicou Isabel.
A convicção de que o Brasil está em excelente posição para apresentar a outros países políticas públicas, além de modelos produtivos que podem levar a uma agropecuária de baixas emissões, também foi mencionada por Isabel e Renata Potenza (especialista em Clima no Imaflora) neste artigo publicado no Portal Um Só Planeta. No texto, elas frisam um dos principais temas da agenda de Bonn: o Global Stocktake (GST), balanço global de emissões de GEE que vai mostrar efetivamente as ações dos países para a redução de emissões e quais são os avanços dessas ações em relação às metas estabelecidas.
Para fazer um balanço geral dos resultados do encontro global na Alemanha, Isabel e Renata colaboraram mais uma vez com um artigo para o Um Só Planeta. Neste texto, elas destacaram as dificuldades políticas que impediram a definição de uma agenda mais clara para as negociações na COP 28, que será realizada no final deste ano nos Emirados Árabes.
Faltou um posicionamento mais claro das nações acerca do financiamento climático e da aceleração de medidas de descarbonização, como os cortes de emissões e o programa de trabalho de mitigação e perdas e danos, mas houve alguns pontos positivos que merecem destaque.
“Apesar dos pesares e do jogo político, para alguns dos principais temas, os trabalhos em Dubai não começarão com uma página em branco. As diversas organizações da sociedade civil que acompanharam as várias sessões relatam que alguns temas avançaram, mesmo se longe do ideal. Um deles foi o Balanço Global. Este processo visa revelar a situação em que os países se encontram coletivamente na implementação dos seus compromissos. Os resultados devem informar a atualização das contribuições nacionalmente determinadas (da sigla em inglês, NDCs)”, ressaltaram Isabel e Renata.
Por fim, Renata Potenza, falou no Instagram do Um Só Planeta sobre os resultados do grupo de trabalho Sharm el-Sheikh, que debateu a implementação da ação climática na agricultura e na segurança alimentar, mas que também foram frustrados:
"Era esperado que aqui em Bonn as partes aprovassem o texto a ser ratificado na COP 28 em Dubai, que estabeleceria uma agenda de encontros para debater os modelos produtivos e as abordagens que poderiam tornar a agricultura mais resiliente. O grupo dos países em desenvolvimento defendeu a criação de um arranjo de governança com a formação de um grupo de coordenação. No entanto, não houve acordo e o único texto aprovado estabelece que o debate será retomado na COP 28", explicou Renata.