Um grupo formado por 33 produtores familiares de cacau, da
cidade de São Félix do Xingu e Altamira, no Pará, e Boca do Acre, no Amazonas
passou uma semana na região do Sul da Bahia, conhecendo diversas técnicas do
cultivo e pós colheita do fruto, em propriedades com tamanhos e características
diferentes. Produtores do município baiano de Gandu acompanharam as atividades.
A iniciativa desse intercâmbio foi do Instituto de Manejo e
Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora, que desenvolve em São Félix do Xingu um
trabalho de geração de renda aliado à recuperação de áreas degradadas, a partir
de práticas sustentáveis no campo. O município luta para sair da lista dos
maiores desmatadores do país e boa parte da atividade econômica local é baseada
na pecuária. O uso dessas extensões de terra para o plantio do cacau, em
consórcio com outros cultivos, quando possível, faz parte da estratégia do
Instituto.
Durante a semana em que estiveram na região de Ilhéus, os
produtores conheceram as técnicas de plantio utilizadas em um assentamento
rural, em uma grande propriedade que possui certificação socioambiental,
visitaram uma indústria moageira multinacional, para a qual vendem a maior
parte da sua produção, conheceram as instalações e pesquisas da Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e, por fim, uma fazenda que
reúne toda a cadeia do cacau, do plantio à fabricação do chocolate fino, com
técnicas apuradas de produção. “Pensamos em um roteiro diversificado para
inspirá-los a produzir um cacau diferenciado”, diz Matheus Couto, engenheiro-
florestal do Imaflora, coordenador do projeto.
Técnicas - O produtor Derli Leonel Barella, de
São Felix do Xingu, possui 7 mil pés de cacau e algumas cabeças de gado
leiteiro, lembra que a rentabilidade do fruto por hectare é bem superior à da
criação do animal e que o rebaixamento da altura dos pés para controle de uma
eventual praga, como a vassoura de bruxa, poderia ser uma medida facilmente
adotada por ele e seus colegas, sem custo, apenas com o domínio da técnica de
poda.
Na mesma linha, Wilson Martins, secretário da Cooperativa
alternativa dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos (Cappru) e produtor, cita
os ganhos com o aprendizado da técnica da clonagem do cacau como uma medida que
pode ser replicada entre os produtores associados, que traria aumento de
produtividade: “esse melhoramento genético pode ser introduzido já em grande
parte das propriedades. Isso pode contribuir para a seleção dos frutos e para a
busca de variedades com mais qualidade”.
A clonagem, obtida por meio de enxertia, bastante comum na
Bahia, era desconhecida dos produtores de São Félix do Xingu, na opinião de
Amanda Souto, engenheira-agrônoma do Imaflora “vem a calhar, quando o assunto
envolve a renovação da lavoura com a possibilidade de escolha de variedades
mais produtivas”.
Favorecida pelo clima, que permite a secagem das amêndoas
sem fogo, portanto, sem a interferência da fumaça no processo, a região de São
Félix do Xingu tem, na avaliação dos técnicos do Imaflora, potencial para a
produção de matéria prima para chocolates finos. A Cappru e o Imaflora já
trabalham nessa direção junto a um grupo piloto de 33 produtores familiares,
que adotam boas práticas de cultivo, aprimorando a qualidade do produto.
Para saber mais sobre esse projeto, acesse:
http://www.imaflora.org/desenvolvimento-local-sustentavel_sao-felix-do-xingu.php
A equipe do Imaflora agradece o apoiodo Instituto Cabruca de Ilhéus, da Ceplac, da Fazenda M. Líbano
Agrícola S.A, da Fazenda Riachuelo, do Assentamento Terra a Vista, da Delfi
Cocoa e do Fundo Vale, que
possibilitou a realização desse intercâmbio.
Fonte: Radar Imaflora