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IV Feira da Agroecologia e Troca de Sementes do Alto Xingu reforça a luta por soberania alimentar e valorização da agricultura familiar

24/04/2025

Em março, o Assentamento Roseli Nunes, em Tucumã (PA), foi palco da IV Feira da Agroecologia e Troca de Sementes do Alto Xingu, um evento que reuniu cerca de 170 participantes de diversas comunidades da região. Com o tema “Luta, Resistência e Democratização do Saber”, a feira reafirmou seu papel como espaço de articulação entre agricultores, pesquisadores, estudantes e a sociedade em geral, fortalecendo a agricultura familiar, a agroecologia e a conservação da biodiversidade local.

 

Organizada por um coletivo de entidades comprometidas com o desenvolvimento sustentável e os direitos dos povos do campo — como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Imaflora, UNIFESSPA, AMPPF, ADAFAX, CAMPPAX, Cacuxi, COOPERFRUTI e o próprio Assentamento Roseli Nunes — a feira teve como objetivo central promover a valorização das sementes crioulas, das práticas agroecológicas e das relações entre os sujeitos do campo.

 

Troca de saberes e sementes

 

Durante a feira, foram trocadas diversas espécies de sementes, especialmente aquelas consideradas essenciais para a agricultura familiar, como milho, feijão, arroz, frutíferas, plantas medicinais, aromáticas, ornamentais e essências florestais. A troca direta entre agricultores não apenas fortalece a diversidade genética das lavouras, mas também promove a preservação dos saberes tradicionais e a autonomia dos produtores.

 

Além disso, o evento promoveu debates sobre temas fundamentais para o campo brasileiro, por meio de três mesas temáticas, como Impactos dos agrotóxicos na agricultura familiar: produção e comercialização, Economia Solidária e Valorização das Comunidades Rurais.

 

Desafios e perspectivas

 

Apesar da importância e do sucesso do evento, os organizadores destacam que ainda há muitos desafios a serem enfrentados, como a falta de mercados para comercialização de sementes crioulas e a ausência de infraestrutura adequada, como casas de sementes. Mesmo assim, a perspectiva é otimista: a proposta é expandir a feira para outros municípios da região do Alto Xingu e consolidá-la como um evento regional, com apoio das secretarias municipais de Agricultura e Meio Ambiente.

Integração entre campo e cidade

 

A Feira também se consolidou como um importante espaço de diálogo entre os mundos rural e urbano, contando com a participação ativa de alunos de instituições de ensino, consumidores urbanos, feirantes locais e órgãos públicos municipais. Essa interação busca valorizar o papel das comunidades rurais na produção de alimentos saudáveis, especialmente no abastecimento de programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), além de destacar a contribuição da agricultura familiar no desenvolvimento territorial e sustentável da região.

 

A IV Feira da Agroecologia e Troca de Sementes do Alto Xingu reafirma que a luta por soberania alimentar, justiça social e preservação ambiental caminha lado a lado com a valorização dos saberes tradicionais e da resistência das comunidades do campo.