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Para que mais terras?

13/04/2015

Em menos de 100 dias, Osvaldo Antônio Venturoso, dono de 96 alqueires na cidade de Rolim de Moura, Rondônia, aumentou em 60% seu faturamento com a engorda de zebus. O salto em tão pouco tempo, aconteceu a partir da introdução de técnicas, até então, inexistentes na rotina da propriedade, o sítio Goiô Erê.
Sob a orientação de técnicos em pecuária, o senhor Osvaldo delimitou nove alqueires de suas terras para um teste: providenciou a análise do solo, a partir dos resultados corrigiu a acidez, caprichou na adubação e ainda pulverizou um inoculante que favorece a absorção do nitrogênio pela raiz ou folhas. O capim aumentou em 30%. A área na qual pastavam 45 bois passou a alimentar 103, e a meta é chegar a 130 animais em pouco tempo.
A conclusão do pecuarista, que toca seu negócio em família, é simples: “Um alqueire nessa região custa o mesmo que investi nas novas técnicas. Então, por que comprar mais terras? É mais negócio investir na que já temos”.
O sítio Gorô Erê é uma das quatro unidades piloto do projeto desenvolvido pelo IMAFLORA e Marfrig, junto aos pecuaristas pequenos e médios, no âmbito do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) e foi o cenário do “Dia de Campo”, ocorrido no último dia 19, com visitas às fazendas nas quais os projetos estão acontecendo.
“O objetivo do trabalho em Rolim de Moura é estimular o aumento da produtividade a partir de técnicas amigáveis com meio ambiente”, explica Eduardo Trevisan Gonçalves, secretário executivo adjunto do IMAFLORA e gestor do projeto. “O Brasil tem em torno de 200 milhões de hectares de áreas de pasto, de acordo com um mapa produzido pelo professor Gerd Sparovek, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”. Nessa área já aberta será possível aumentar expressivamente a produção de carne e ainda possibilitar a expansão da área agrícola sem necessidade de desmatamento”, diz ele.
Impactos - Essa primeira etapa do trabalho está focada na oferta de assistência técnica e no uso de recursos como a intensificação de pastagens ou a integração da lavoura e da pecuária, entre outros.
Os objetivos do trabalho, bem como os resultados atingidos no primeiro ano do programa foram apresentados em um encontro que reuniu cerca de 50 pessoas, entre criadores de gado, técnicos em pecuária, consultores, veterinários, estudantes e professores universitários, na Associação Comercial e Industrial de Rolim de Moura. 
O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável foi criado em 2007 e conta com representantes de todos os elos da cadeia produtiva da carne e tem o desafio de identificar e estimular iniciativas que levem novas práticas para o setor, com a sustentabilidade como pilar dos projetos.
Atualmente, há nove projetos diferentes em curso, ligados ao GTPS, em diversas localidades, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Oeste da Bahia, Amazônia Legal, interior de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Rondônia e que reúnem 800 produtores e somam um milhão de hectares, área equivalente à Bélgica: “Temos  a chance de transformar a pecuária brasileira e mostrar que a atividade é compatível com a conservação e a sustentabilidade. Sobre isso, o Brasil tem boas histórias para contar”, afirma Abdias Machado, analista de projetos do GTPS.



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