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Porto Velho concentra 43% da exploração madeireira de Rondônia

18/10/2021

Com a avaliação completa da legalidade para todo estado, a área de exploração madeireira não autorizada possivelmente será maior.

 

Uma pesquisa inédita mostrou que 43% da exploração madeireira em Rondônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 ocorreu na capital, Porto Velho. Além disso, a área explorada ilegalmente no estado no período chegou a pelo menos 4 mil campos de futebol,  apenas em unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas. 

 

O estudo foi realizado pela Rede Simex, integrada por quatro organizações ambientais: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV. Conforme a pesquisa, que é baseada em imagens de satélite, foram identificados no total 68.729 hectares com extração de madeira no estado, sendo 29.646 hectares apenas em Porto Velho. O levantamento não teve acesso a todos os dados de autorizações de exploração florestal e das áreas de manejo florestal (AMF), mas há diálogo com o governo estadual para avançar nas análises, quando será possível aprofundar o entendimento sobre o nível de legalidade no estado de RO.

 

Porto Velho está no topo de exploração entre os municípios, concentrando 43% do total do estado no período, seguido por Machadinho d’Oeste, com 12% e Candeias do Jamari, com 9%. Os três municípios equivalem a mais da metade de toda a área com exploração madeireira identificada no estado. “Esses municípios concentram-se na região norte do estado que, nos últimos anos, destacou-se pelo desmatamento e, agora, segundo os nossos dados, também destaca-se pela exploração madeireira", destaca Julia Niero Costa, da equipe de Geotecnologias do Imaflora.

 

Segundo dados do sistema DOF (Documento de Origem Florestal) e Sinaflor (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais), os 10 municípios com a maior área explorada foram responsáveis por 75% da produção de madeira em tora do estado. Estas estimativas foram geradas a partir dos dados disponíveis na plataforma Timberflow, desenvolvida pelo Imaflora, que tem o objetivo de disponibilizar, analisar e gerar informação qualificada a partir dos bancos de dados dos sistemas de controle florestais oficiais do Brasil.

 

Considerando as Terras Indígenas, a Terra Indígena Tubarão Latunde, localizada no município de Chupinguaia, concentra 100% das explorações não autorizadas nesta categoria no estado, com 2.243 hectares, dois mil campos de futebol. A área reúne três povos e uma população de 195 pessoas. ** 

 

** ERRATA - A primeira versão deste infográfico, publicada em 19/10/2021, atribuiu equivocadamente que a área de exploração madeireira para a Terra Indígena Rio Omerê entre agosto de 2019 e julho 2020 foi de 1.065 hectares.  Após análises aprofundadas foi concluído o equívoco na vetorização da exploração madeireira na Terra Indígena em questão. Com isso, a área total de exploração em Terras Indígenas de Rondônia passou de 3.308 para 2.243 hectares. Com a exclusão dessas áreas outros valores também sofreram alterações, como a área total de exploração madeireira no estado.

 

Observando as Unidades de Conservação de Proteção Integral, onde a extração também não é autorizada, 86% das explorações madeireiras ocorreram no Parque Nacional dos Campos Amazônicos, também localizado na região norte do estado, na divisa entre Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, que enfrenta alta pressão ao desmatamento.

 

Em Unidades de Conservação de Uso Sustentável, 78% das explorações ocorreram na Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá e na Floresta Nacional de Jacundá, que está em concessão.  

 

 

 

 

Sobre a Rede Simex:

 

Integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV), foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros estados da Amazônia.

 

Sobre o Imaflora:

 

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma organização sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais.

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