Agricultores e agricultoras familiares, estudantes da área rural, cooperados e organizações da agricultura familiar, serão os principais beneficiados do projeto que está sendo lançado esse ano, pelo Imaflora, com apoio financeiro da Humanize. Com a duração de dois anos, o projeto busca melhorar a estrutura para ensino dos jovens da área rural, propiciar acesso a melhores práticas e oportunidades, aumentar o conhecimento de gestão das organizações locais, viabilizar assistência técnica para os produtores de cacau e propiciar o acesso a novos mercados.
Em uma região marcada por contrastes, onde há disputa de dois modelos de desenvolvimento: um baseado no agronegócio latifundiário (de larga escala) e o outro na agricultura familiar camponesa (de baixo impacto), São Félix do Xingu que já foi abundante em florestas tropicais, figura hoje entre os municípios que apresentam as maiores taxas de desmatamento na Amazônia brasileira.
“Desde sua fundação em 1995, uma das premissas do Imaflora é que as florestas só serão conservadas se for possível viabilizar seu uso econômico, pautado em critérios sociais e ambientais que possibilitassem sua sustentabilidade no longo prazo”, lembra Eduardo Trevisan, engenheiro agrônomo do Imaflora e gerente do projeto. Nesse contexto, o Imaflora foi convidado para implementar em 2010 um programa de longo prazo pela Petrobras, com a meta de fortalecer a agricultura familiar nas comunidades da região. Desta forma, construiu parcerias com diversas organizações, entre elas a prefeitura municipal, CEPLAC, Casa Familiar Rural, AMPPF, CAMPPAX, TNC, Fundo Amazônia, Petrobras, ISA, Cargill, dentre outras e conduziu diversas atividades enfocadas na melhoria da produtividade e qualidade do cacau, adequação ambiental de propriedades, além do fortalecimento das organizações ligadas à agricultura familiar.
Neste novo ciclo, com o apoio da Humanize, o Instituto busca ampliar o número de produtores envolvidos no cultivo de cacau sustentável e aumentar as oportunidades de negócio para os produtos da agricultura familiar. Para isso, trabalhará com educação empreendedora para a Casa Familiar Rural, formação de lideranças da rede de sábios e sábias agricultoras e fortalecimento da CAMPPAX e AMPPF.
“Esperamos que em dois anos tenhamos jovens formados pela Casa Familiar Rural com conhecimentos para empreender em atividades ligadas à economia verde, à criação de modelos de ATER de baixo custo, maior eficiência, à capacidade de formar lideranças da rede de sábios e sábias agricultoras e ao desenvolvimento de um piloto do Origens Brasil® para agricultura familiar”, reforça Ana Carolina Szklo do Humanize.
Portanto, espera-se que as ações que priorizam os aspectos produtivos, por meio das cadeias de valor e a mitigação de problemas sociais ajudem a enfrentar os problemas dessa região tão emblemática, que conta, hoje, com cerca de 6.000 estabelecimentos rurais da agricultura familiar. Ações que buscam ampliar as oportunidades de geração de trabalho e renda, formação e da melhoria da qualidade de vida dos sujeitos do campo.