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Servir-Amazônia e Embrapa irão mapear Sistemas Agroflorestais e cultivos perenes na Amazônia

30/07/2021

Estabelecer um serviço de mapeamento dos Sistemas Agroflorestais (SAFs) e da agricultura perene no estado do Pará é o que busca a parceria que a Embrapa Amazônia Oriental acaba de firmar com o programa Servir-Amazônia. O programa reúne tecnologia geoespacial de ponta que será aplicada na região para apoiar a tomada de decisão por parte de prefeituras, instituições e comunidades locais.

Com o uso de informações satelitais e geotecnologias, aliadas à validação de campo, será possível estabelecer padrões de cobertura da terra para a geração de mapas-pilotos que mostrem a presença de SAFs e do cultivo de cacau, dendê, açaí e citros em diferentes regiões do Pará.

O Servir-Amazônia é uma iniciativa conjunta de desenvolvimento da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) dos Estados Unidos e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), liderado pela Aliança Internacional da Biodiversidade e Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), cujo parceiro de implementação no Brasil é o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Cerimônia virtual de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre as organizações realizado no dia 30 de julho
Cerimônia virtual de Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre as organizações realizado no dia 30 de julho

O trabalho, inicialmente previsto para dois anos, vai ser realizado em nove municípios paraenses: Acará, Moju, Tomé-Açu, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Igarapé-Açu, Capitão Poço e Castanhal, que se destacam na produção de dendê, cacau, açaí e em sistemas integrados de produção. Serão gerados produtos e serviços de forma permanente sobre a agricultura perene nesses municípios a partir do uso de imagens públicas e da capacitação de equipes locais.

O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri, explica que o propósito do trabalho é preencher lacunas de informação e aprimorar os sistemas de monitoramento da cobertura e uso da terra na Amazônia em andamento, como o TerraClass e o MapCacau, iniciativas lideradas pela Embrapa na região amazônica.

“Temos dificuldade em mapear o cacau, que muitas vezes se confunde com uma capoeira (vegetação secundária)”, exemplifica. Além disso, esse cultivo é feito geralmente em baixo de fragmentos florestais ou dentro de sistemas. “E os sensores ópticos em uso atualmente não detalham essa diferença. Então, praticamente tudo é feito no campo”, explica.

A ideia, de acordo com o gestor, é combinar as imagens de sensores mais precisos a algumas validações de campo para desenvolver algoritmos de classificação da cobertura e dessa forma automatizar o mapeamento. “O trabalho gera informações que contribuem diretamente para a elaboração de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento agrícola da região, como zoneamentos de risco climático, ecológico-econômico; ambiental e outros”, afirma Venturieri.

Imagens mais precisas

A coordenadora técnica do trabalho, Naiara Pinto, ecóloga brasileira e membro da Divisão Radar do Jet Propulsion Laboratory (Nasa), em Pasadena (EUA), explica que o trabalho de mapeamento vai utilizar imagens públicas de satélites da NASA e de agências espaciais europeias e japonesa.

O diferencial, segundo a especialista, é o uso de sensores ativos para caracterizar a interface entre a agricultura e a floresta. Esses sensores produzem seu próprio sinal – ao contrário dos sensores passivos que dependem da radiação solar – e por isso têm mais penetração sob a superfície da terra e assim conseguem observar com maior precisão a cobertura do solo.

A ecóloga de paisagem esclarece que os sensores ativos não são novidade para observar a floresta, mas “só agora será possível operacionalizar o serviço e fazer a classificação da cobertura da terra de forma sistemática na região”, afirma. Com as fotografias mais precisas e a conexão com os dados do campo, será possível ajustar o sinal do satélite para a presença dos SAFs e cultivos perenes, a partir do formato do dossel e de outras informações específicas. “É dessa forma que será possível implementar um modelo de classificação de cobertura da terra na região estudada”, complementa.

Co-desenvolvimento de produtos e serviços

O desenvolvimento conjunto e colaborativo do serviço de mapeamento dos SAFs e culturas perenes no Pará por especialistas locais e externos é o fundamento do programa Servir-Amazônia. José Leandro Fernandes, que é o líder de Engajamento do Usuário do programa, explica que o trabalho se dá a partir de dois focos: o co-desenvolvimento de serviços de tecnologia; e o atendimento sob demanda.

“Existe todo um processo de trazer o usuário para dentro do serviço. A ideia é garantir a capacidade interna local de responder aos desafios da região”, conta Fernandes.

O especialista explica que a partir da parceria, será possível ter informações geoespaciais mais sofisticadas no nível da prefeitura e da comunidade, que possam justificar argumentos e a tomada de decisão local, assim como fortalecer os instrumentos de monitoramento ambiental.