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Sistemas alimentares, agricultura e adaptação: o que vem até a COP30

01/07/2025

O mês de junho foi um mês de debates para a pauta climática, foram realizadas a Conferência de Bonn (62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas-SB 62) e a London Climate Week. A equipe de Ciência do Clima do Imaflora participou da Pré-COP como observador acompanhando agendas prioritárias como sistemas alimentares, agricultura, financiamento e adaptação climática. E, na semana inglesa sobre clima, trocou experiências com lideranças de destaque do setor financeiro e do setor produtivo privado sobre as agendas de emissões líquidas zero, finanças sustentáveis e transformação dos sistemas alimentares. 

 

“No campo da agricultura, o Grupo de Trabalho Sharm el-Sheikh aprovou um novo texto com diretrizes que se estendem até e também após a próxima COP. Um dos marcos desse processo foi o reconhecimento de um relatório que resume os trabalhos realizados desde 2013. No entanto, tanto os países quanto representantes da sociedade civil pediram que os próximos documentos sejam mais completos — incluindo dados sobre investimentos no setor agropecuário, principais desafios enfrentados e formas de apoiar melhor os grupos mais vulneráveis, como pequenos produtores e comunidades tradicionais”, analisa a coordenadora sênior de Ciência do Clima, Renata Potenza, que acompanhou a conferência. Segundo Potenza, essas informações devem ser enviadas por bancos e entidades internacionais até dezembro deste ano, de forma a subsidiar o próximo relatório, previsto para 2026.  

 

Apesar da realização de um workshop com apresentação de exemplos globais em agricultura sustentável, ainda faltam encaminhamentos concretos para que essas iniciativas ganhem escala. A expectativa é que no próximo ano, em Bonn, haja uma maior interação entre as partes. Outro ponto abordado no texto final aprovado foi a necessidade de melhorias no portal online da agenda de agricultura. Foram solicitadas mudanças em sua estrutura, funcionalidade e acessibilidade, embora sem prazos definidos”, informa Potenza. 

 

Na agenda de adaptação ao clima especificamente sobre a Meta Global de Adaptação, após longas horas de negociação, foi fechado um acordo que orienta o trabalho técnico até a COP30. A principal diretriz é refinar e reduzir o número de indicadores usados no monitoramento da adaptação. Atualmente são cerca de 490, e a meta é chegar a aproximadamente 100 até novembro deste ano. Será fundamental acompanhar esse processo, especialmente para garantir que os novos indicadores sejam mensuráveis, eficazes e reflitam a realidade dos sistemas alimentares. 

 

Já em relação ao financiamento climático, espera-se que a COP30 apresente os resultados do fórum do Comitê Permanente de Finanças 2025.  “ A grande questão continua sem resposta clara: quem vai pagar a conta? Embora haja um reconhecimento internacional de que são necessários pelo menos 1,3 trilhão de dólares por ano para que os países em desenvolvimento possam enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas, ainda não há definição sobre como esses recursos serão mobilizados nem sobre os mecanismos que permitirão que esses países acessem o montante de forma justa e eficaz”, analisa o gerente de Ciência do Clima e de Inteligência de Dados e Territorial do Imaflora (ID Terra), Paulo André Camuri. 

 

Oportunidades para uma agricultura e sistemas alimentares justos e sustentáveis 

A coordenadora sênior do Imaflora Renata Potenza destaca que a agenda de ação da COP30, liderada pela presidência brasileira, tem um dos seis eixos principais focados na transformação da agricultura e dos sistemas alimentares. A proposta inclui ações voltadas para a recuperação de áreas degradadas, produção sustentável, resiliência climática e acesso à alimentação adequada. Apesar da falta de definições claras sobre os próximos passos para uma transformação dos sistemas alimentares de forma justa e sustentável, é uma oportunidade crucial para impulsionar essa pauta. 

 

Algumas oportunidades foram trazidas durante a London Climate Week. De acordo com Camuri, houve muitas trocas ricas, com relatos de experiências concretas e bem-sucedidas de transformação dos sistemas alimentares. “O sentimento que fica, após acompanhar esses dois espaços tão distintos, é que há uma abundância de políticas, tecnologias e instrumentos de mercado disponíveis. O desafio agora é consolidá-los, garantir sua implementação coordenada e promover a descarbonização em escala global, com justiça climática e responsabilidade compartilhada. A expectativa se volta agora para a COP30, que ela seja, de fato, a ‘COP da implementação’ e supere as divergências”, conclui Camuri. 

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