"Problemas complexos demandam interconexão de saberes". A fala do engenheiro agrônomo Eduardo Bastos pontua os desafios para o enfrentamento e adaptação das mudanças climáticas, tema de uma das mesas da 2ª Jornada: O Mercado e o Café Carbono Neutro. O evento aconteceu em 15 de maio, em Monte Carmelo, e foi promovido pela Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado de Monte Carmelo (monteCCer) e Sebrae Minas Gerais, com apoio do Imaflora e do Conselho Nacional do Café (CNC).
Foram discutidos as oportunidades e os entraves para uma transição verde, as perspectivas econômicas, as adaptações para atender a legislação de exportação para o mercado europeu, legislações trabalhistas e sobre direitos humanos. Na parte da tarde, os debates giraram em torno do uso de químicos com biológicos, as finanças e incentivos verdes, e os diferenciais do café brasileiro.
Alessandro Rodrigues, gerente de Serviços ESG e Carbon on Track do Imaflora, mediou o debate "Como enfrentar e adaptar às mudanças climáticas?". A mesa foi composta por Eduardo Bastos, Presidente da Câmara do AgroCarbono no MAPA, Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, e Paula Packer, Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente. Os participantes abordaram as dificuldades e oportunidades para o setor do café, tanto no âmbito técnico quanto no comercial.
Marco Antônio reforçou: "Mudanças climáticas são uma realidade. É preciso que os produtores olhem para dentro da porteira". Em complemento, Paula refletiu que é preciso tropicalizar os índices de sustentabilidade e acrescentou como opções de ações de mitigação e adaptação a troca dos insumos de fertilizantes, maior investimento em biológicos, uso de hidrogênio verde, entre outros.
Com o olhar multilateral, Eduardo afirma que o caminho é trazer sistemas mais resilientes, que se conectam. "O clima vai trazer cada vez mais desafios. Irrigação ou manejo do solo sozinhos não serão suficientes, é preciso unir diferentes esforços".
O evento também trouxe a tragédia que atingiu o Sul como uma reflexão de que a preparação para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas precisa abranger além das demandas do mercado e ser visto como um caminho para manter a resiliência da agricultura como modelo de negócio.