O Imaflora, por meio da Plataforma Timberflow, lança o Anuário da Madeira 2025, um raio-X da transação de madeira nativa na Amazônia Legal em 2024. O estudo organiza dados públicos oficiais, harmoniza bases e apresenta séries comparáveis por estado, município, espécies, produtos e rotas, traduzindo informação em evidência acionável para monitoramentos, compras responsáveis e formulação de políticas. Em 2024, a região transacionou 6.571.030,88 m³ de madeira em tora, leve queda de 0,32% ante 2023.
O Pará segue na dianteira, com 2.629.560,51 m³ — 40,02% do total regional — e forte concentração em municípios-polo; Mato Grosso recua para 1.624.147,02 m³ (–31,03% vs. 2023), enquanto Amapá e Acre registram saltos proporcionais (+62,82% e +63,81%, respectivamente), redesenhando prioridades de monitoramento, logística e compras responsáveis.
Polos municipais em evidência
O mapa da transação madeireira mostra Portel (PA) com 483.776,01 m³ (+64,62%), Prainha (PA) com 309.107,15 m³ (+70,37%), Colniza (MT) com 244.300,35 m³ (–37,13%) e Mazagão (AP) com 227.221,57 m³ (+40,01%). Esses polos funcionam como nós logísticos e regulatórios, úteis para orientar planejamento de infraestrutura, alocação de fiscalização e due diligence de compradores.
As Concessões Florestais Federais (CFFs) transacionaram 379.626,55 m³ de tora em 2024; o Pará responde por 79% (300.442,01 m³). A estabilidade do bloco e a rastreabilidade documental reforçam seu papel como referência para compliance, compras responsáveis e políticas de manejo. Entre as florestas nacionais, destacam-se as variações 23→24 em Saracá-Taquera (–10,38%), Altamira (+3,59%), Caxiuanã (+9,29%), Crepori (–39,18%), e, em Rondônia, Jamari (+15,04%) e Jacundá (+20,98%).
Produtos, espécies e destinos
A madeira serrada é o principal manufaturado da região (2.474.970 m³), com MT, PA e RO à frente. No mix de espécies transacionadas em tora (2024), Manilkara huberi (maçaranduba), Dinizia excelsa (angelim), Goupia glabra (cupiúba) e Dipteryx odorata (cumaru) concentram cerca de ¼ do volume (1.461.796,25 m³), informação central para políticas de oferta por espécie e critérios de compras.
No mercado interno, São Paulo é o maior destino de madeira (352.801,78 m³); Já nas exportações, o agregado regional somou 203.274,55 m³, com os Estados Unidos como principal destino.
O material consolida e padroniza DOF (IBAMA) e Guias Florestais (SEMAS/PA e SEMA/MT), priorizando registros com status “recebido e similares” (transações efetivamente concluídas), aplicando processos de deduplicação, harmonização e validação que permitem reprodutibilidade e auditoria. Transparência deixa de ser obrigação e vira vantagem competitiva: entre o “não sei” e o “posso provar”, mercado e floresta escolhem a segunda opção.
De acordo com Leonardo Sobral, diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, a recomposição do “mapa da madeira” - com ganhos proporcionais em Amapá e Acre e ajuste de base em Mato Grosso - pede foco territorial e rotas de escoamento nas ações de monitoramento. “Para compradores e investidores, o recorte 4D (UF/município/espécie/produto) e a trilha documental tora - serrada - destino tornam-se aliados pragmáticos de compliance”, destaca. E, para políticas públicas, as Concessões Florestais oferecem uma linha de base com regra, escala e previsibilidade.
Felipe Jacob Pires, coordenador de projetos e serviços do Imaflora, explica que as estatísticas se referem a 2024 (ano-calendário) e consideram transações com status “recebido e similares”. “As séries foram construídas a partir dos dados abertos DOF (IBAMA) e SISFLORA (SEMAS/PA e SEMA/MT), com trilhas de rastreabilidade e critérios de deduplicação e harmonização. Atualizações posteriores nas bases públicas podem gerar ajustes”, afirma.



