Com apoio do Imaflora e Cargill, a iniciativa busca fomentar o empreendedorismo feminino e conservar a floresta.
A partir do dia 18 de maio, o trabalho das agricultoras da Associação de Mulheres Produtoras de Polpa de Frutas (AMPPF) receberá apoio de uma agroindústria de despolpamento criada para alavancar a comercialização dos produtos e contribuir para o sustento de 32 famílias. Na mesma área da usina, será inaugurado um viveiro com capacidade de 15 mil mudas de essências florestais e frutíferas, que ficará sob gestão das associadas e demais produtores da região. A instalação visa revitalizar os sistemas agroflorestais (SAFs) e recuperar áreas degradadas.
As atividades da agroindústria vão possibilitar à AMPPF receber o selo artesanal vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), concedido a produtores que se adequam às exigências sanitárias previstas nas Boas Práticas de Produção, como melhorias nas instalações e transporte adequado dos produtos. Essa mudança permite que o produto tenha livre circulação em todo estado e traz aos produtores a oportunidade de acessar novos mercados institucionais e convencionais. A Coordenadora de Projetos do Imaflora, Celma de Oliveira, destaca que a expectativa é de que, com o impulso à comercialização da polpa, a associação contribua para a permanência de produtores em seus territórios.
A construção das infraestruturas foi possível graças aos apoios recebidos pela AMPPF de parceiros preocupados com a produção sustentável, fomento de negócios comunitários e com os impactos positivos na vida do produtor que conserva a floresta em pé. Por meio do projeto Escola de Empreendedorismo das Mulheres do Alto Xingu, desenvolvido no âmbito do Programa Florestas de Valor, realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), a AMPPF recebeu da Cargill investimentos de R$ 260 mil em infraestrutura, maquinários novos e processo de regularização sanitária.
A agroindústria também será um espaço de apoio às iniciativas de restauração das propriedades dos beneficiários do projeto Floresta Produtiva, iniciativa de restauração florestal e capacitação na produção de cacau, também realizado pelo programa do Imaflora em parceria com a Cargill. “A partir do segundo e terceiro ano do viveiro, as mudas serão vendidas e o valor será revertido para a associação. O projeto vai gerar renda às produtoras e contribuir com a redução dos impactos das mudanças climáticas”, afirma Celma.
Maria Josefa Machado Neves é presidente da AMPPF e observa que essas são conquistas que geram impacto positivo para toda a região. “Vai ser um grande passo para o nosso desenvolvimento e crescimento. Foi difícil chegar aonde estamos chegando, passamos por muitas dificuldades. Agora, conseguiremos produzir e vender ainda mais, então essas inaugurações vão ficar na nossa história”.
O programa Florestas de Valor do Imaflora fomenta negócios comunitários e apoia a estruturação de cadeias produtivas de produtos da sociobiodiversidade por meio de atividades sustentáveis e regenerativas. O programa tem como principais objetivos trabalhar equidade de gênero, políticas públicas (PNAE) e organização institucional de empreendimentos da agricultura familiar. O Florestas de Valor conta também com amplo patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal e promove a fixação de carbono, a redução de emissões de gases do efeito estufa, a manutenção de estoques de carbono por meio da implantação de sistemas produtivos sustentáveis com a valorização da floresta em pé. Além da polpa de frutas, castanha-do-Brasil, o óleo de copaíba, as sementes de cumaru, pimenta em pó indígena e cacau são produtos alvo da iniciativa.
As perspectivas são de, através do programa Florestas de Valor, realizar, em breve, serem implementadas mais de 180 hectares de sistemas agroflorestais regenerativos, promover o suporte técnico para mais de 150 produtores de cacau e a adequação da infraestrutura da Casa Familiar Rural (CFR), de São Félix do Xingu, para beneficiar, ao ano, mais de 350 jovens filhos de agricultores de toda a região. Com isso, é esperado apresentar modelos alternativos de fertilização do solo através de biofertilizantes e ainda, em consequência, fortalecer o comércio local dos produtos da agricultura familiar.