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Clima, floresta e inovação: as novas fronteiras das plantações florestais

30/09/2025

O setor de plantações florestais no Brasil consolida-se como uma potência global de inovação e sustentabilidade, e pode ser considerado um dos setores na vanguarda do combate à crise climática. Detentor da maior produtividade do mundo, o segmento demonstra na prática como conciliar produção industrial de escala com conservação ambiental e desenvolvimento de uma bioeconomia robusta. As soluções foram debatidas na mesa “Clima, floresta e inovação: as novas fronteiras das plantações florestais” do “Aterra”, evento que comemorou os 30 anos do Imaflora. 

 

A base da liderança do setor está na integração entre operação florestal e conservação. As empresas do setor são guardiãs de vastas áreas de mata nativa, que ultrapassam centenas de milhares de hectares, assegurando a proteção de mananciais e a manutenção de corredores de biodiversidade. De acordo com Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação e Sustentabilidade da Klabin, práticas de manejo inovadoras, como o conceito hidrossolidário, que visa o equilíbrio entre o uso do solo e a gestão dos recursos hídricos, não apenas garantem a segurança hídrica, mas também contribuem significativamente para o sequestro de carbono. A medida fixa o carbono no solo e transforma a floresta plantada em um ativo climático crucial.

 

Para Razzolini, a inovação tecnológica é outro pilar desse sucesso. As fábricas operam com matrizes energéticas majoritariamente renováveis, acima de 90%, e são autossuficientes em energia, exportando excedente para o grid nacional. A gaseificação da biomassa para substituir combustíveis fósseis e o desenvolvimento de novos produtos – como fibras de eucalipto que demandam metade da área de plantio para a mesma produção – exemplificam um caminho irreversível de eficiência e circularidade. 

 

Esse avanço permitiu ao setor estabelecer metas científicas ambiciosas, com trajetórias claras de redução de emissões e compromissos de atingir o net zero nas próximas décadas. “A Klabin foi pioneira em adotar metas climáticas baseadas na ciência e pretende cortar 42% das emissões até 2030, alcançando a neutralidade em 2050”, afirma. 

 

Olhar para fora da porteira e atuar de forma sistêmica no território é a nova fronteira. Empresas, como a Suzano e a Klabin, perceberam que sua resiliência operacional está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das comunidades e à saúde dos ecossistemas que as rodeiam. Programas de geração de renda para pequenos produtores, apoio à gestão pública municipal, investimento em educação de qualidade e projetos de restauração de biomas em parceria com outros setores deixaram de ser iniciativas isoladas de responsabilidade social para se tornarem estratégias centrais de negócio. 

Um exemplo é o projeto Territórios Resilientes, citado pela Maria Luiza Paiva, vice-presidente executiva de Sustentabilidade, Comunicação e Marca da Suzano. Segundo ela, a iniciativa conecta as diferentes áreas da Suzano aos territórios onde a empresa está presente. A Suzano tem como meta retirar 200 mil pessoas da pobreza e reduzir o impacto hídrico nas bacias onde atua e o projeto já apresenta resultados de melhora na qualidade de vida das comunidades locais.

 

Os desafios, no entanto, exigem escalonamento urgente. A expansão para biomas como o Cerrado, com regime hídrico menos favorável, demanda investimento contínuo em tecnologias para uso racional de água. A redução de resíduos e a circularidade total dos processos são imperativos. Para superar esses desafios, Maria Luiza afirma que a crise climática precisa ser tratada como questão estratégica. “Não precisamos mais de pilotos, precisamos de escala”, resumiu. Ela apontou a necessidade de políticas públicas perenes que apoiem empresas de diferentes portes e incentivem soluções baseadas na natureza. 

 

Ao projetar os próximos 30 anos, os participantes convergiram na ideia de que inovação e colaboração serão determinantes. Razzolini aposta na diversificação dos produtos da floresta, com novos combustíveis renováveis e avanços logísticos, além de maior reciclagem e uso de controles biológicos contra pragas. Maria Luiza defendeu que as empresas precisarão repensar modelos de negócio, não apenas produtos, incorporando tecnologias sociais e respondendo às expectativas da sociedade. Já Ricardo Camargo, gerente de Certificação Florestal do Imaflora, reforçou que a sustentabilidade terá de permear todas as áreas corporativas e que políticas públicas serão fundamentais para alinhar competitividade com justiça social e proteção climática.

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