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Da esquerda para a direita, a jornalista e fundadora do Flá do Agro, Flávia Macedo, o diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio, Eduardo Bastos, o secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal e enviado especial da COP30 para os estados amazônicos, Marcello Brito, e a gerente de Políticas Públicas do Imaflora, Marina Guyot.
Realizado em São Paulo pela agência de notícias EFE, o evento reuniu uma série de debates sobre os rumos da transição ecológica na América Latina
São Paulo – Em preparação para a COP30, a agência EFE realizou o III Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), em São Paulo, para discutir temas como transição energética e descarbonização, economia circular, gestão de resíduos, conservação florestal, protagonismo de comunidades locais, agropecuária sustentável e mecanismos de financiamento verde. Como parceiro institucional, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) destacou a necessidade de avançar em políticas públicas inclusivas e em modelos que conciliem produção com conservação ambiental.
O evento reuniu especialistas, representantes de governos, empresas e organizações da sociedade civil, a dois meses da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA).
Desafios da pecuária sustentável
No painel “Agropecuária Sustentável: transparência, produtividade e segurança alimentar”, a gerente de Políticas Públicas do Imaflora, Marina Guyot, afirmou que a pecuária brasileira pode ser mais produtiva e transparente, mas que o desafio é tornar a transição sustentável inclusiva.
Ela defendeu o uso de tecnologias de monitoramento e manejo da terra, além da rastreabilidade bovina, como instrumentos centrais. Marina ressaltou, no entanto, que a implementação em larga escala depende de políticas públicas que favoreçam a participação de todos os produtores. “Se a transição não for inclusiva, corre o risco de se tornar apenas mais uma barreira social”, disse.
A especialista também chamou atenção para a necessidade de cooperação entre diferentes setores. “Governos, setor privado, setor financeiro, sociedade civil e mercados internacionais precisam compartilhar responsabilidades”, afirmou.
Produção e conservação
Já no painel “Gestão de bosques, cooperação e comunidades locais”, o diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, Leonardo Sobral, destacou a importância de unir políticas de conservação com alternativas econômicas para comunidades da Amazônia.
Segundo ele, medidas como a homologação de terras indígenas e a criação de unidades de conservação são eficazes contra o desmatamento, mas precisam de ações complementares. “É preciso conciliar produção com conservação. Produtos da floresta, como a madeira produzida por concessões florestais, são exemplos de como gerar renda conservando”, disse.
Sobral apontou ainda que as florestas públicas não destinadas são as mais vulneráveis ao desmatamento e defendeu políticas que fortaleçam o uso sustentável dessas áreas.
Contexto
O FLEV discutiu temas como mercado de carbono, segurança alimentar, energia limpa e justiça climática. A conferência contou com participação de lideranças internacionais, como o ex-ministro peruano Manuel Pulgar-Vidal, e com autoridades brasileiras ligadas à COP30.
Para o Imaflora, os debates reforçam que a transição para uma economia verde deve priorizar a integridade ambiental e a inclusão social.
“Ao lado de parceiros, seguimos defendendo que produção e conservação podem andar juntas e que a transição precisa ser real, justa e acessível a todos”, resumiu Marina Guyot.