A atividade foi realizada na Madeflona, empresa concessionária responsável pelo uso sustentável de madeira na unidade de conservação.
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Rondônia - Em uma iniciativa para promover o diálogo e a troca de conhecimentos sobre o uso sustentável da floresta, lideranças indígenas participaram de um dia de campo na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia. O evento teve como objetivo apresentar na prática como funciona o manejo florestal sustentável em regime de concessão florestal, um modelo que o governo federal planeja destacar na COP-30, em Belém, como um caminho para a bioeconomia na Amazônia.
A visita proporcionou aos indígenas a oportunidade de ver de perto as técnicas de exploração de impacto reduzido aplicadas na área, que é a primeira do Brasil a ter um contrato de concessão florestal, vigente há 15 anos.
Tayane Carvalho, analista técnica do Imaflora, defende a atividade como uma ferramenta estratégica para a conservação. "O manejo florestal sustentável, quando bem executado e com participação social, mostra que é possível gerar renda e manter a floresta em pé", afirmou. "A expansão de concessões florestais para áreas sob pressão de desmatamento é um caminho viável para o desenvolvimento econômico da região, alinhado à conservação da biodiversidade e ao respeito aos povos da floresta."
A Flona do Jamari, que abrange os municípios de Itapuã do Oeste, Candeias do Jamari e Cujubim, possui mais de 220 mil hectares. Desse total, cerca de 90 mil são manejados pela Madeflona, empresa que segue um plano rigoroso: em uma área do tamanho de um campo de futebol, apenas três ou quatro árvores são retiradas, em um ciclo de exploração que permite a regeneração da floresta por 30 anos antes de um novo retorno à mesma área.
O modelo tem se mostrado eficaz na proteção do território. Imagens de satélite dos últimos nove anos mostram que, enquanto o entorno da Flona sofreu com o desmatamento, a área sob manejo permaneceu conservada. O sucesso da iniciativa, que gera cerca de 400 empregos diretos, levou o governo a anunciá-la como um caso de sucesso a ser apresentado na próxima conferência do clima.
"Isso vai diminuir a pressão do desmatamento. Em vez de fornecer madeira para o mercado por meio do desmatamento, vamos fornecer com um manejo sustentável", disse Garo Batmanian, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, presente no evento.
A participação indígena no debate sobre o futuro da Amazônia é fundamental. Para o líder Nilcélio Jiahui, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira (OPIAM), o diálogo é a principal ferramenta para que o manejo seja um aliado. Segundo ele, os projetos precisam passar por consulta livre, prévia e informada, como prevê a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"Com os incentivos sociais que esse projeto lança, ele é revertido nas comunidades em construção de escolas ou em construção de beneficiadoras de açaí. Ele leva uma melhoria de qualidade de vida para os povos indígenas, desde que seja conversado e dialogado", afirmou Jiahui.
A madeira extraída da Flona do Jamari possui certificação internacional do FSC (Forest Stewardship Council), que audita o cumprimento de normas ambientais e sociais, garantindo que a produção seja responsável desde a floresta até o consumidor final. A maior parte da produção, cerca de 70%, é exportada para mercados exigentes como Estados Unidos e Europa.
