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Iniciativas de comércio justo e análise e mitigação de riscos sociais demonstram a viabilidade das práticas ESG na agropecuária

15/12/2023

Autor(a): Imaflora

Projetos com pequenos produtores e nas culturas de cana e café foram apresentadas durante o evento ESG Agrícola na Prática, promovido pelo Imaflora

No Brasil, o setor agropecuário possui diferentes níveis de atenção em relação aos direitos humanos, às condições dignas de trabalho e ao comércio justo. Esse cenário evidencia as oportunidades e necessidades de adequação dessas práticas, para mitigar riscos para as empresas e melhorar as condições dos trabalhadores e pequenos produtores rurais, e o Imaflora tem sido o agente articulador dessas mudanças junto a grandes empresas. 

A parceria com empresas como Raízen, Nestlé e outras entidades, assim como seus resultados, foram apresentados durante o evento ESG Agrícola na Prática: direitos humanos e relações com fornecedores, promovido pelo Imaflora recentemente.

Uma das ações apresentadas foi o Comércio Justo - Fairtrade, proposta para promover e apoiar os direitos dos pequenos agricultores e trabalhadores. “Nossos programas de apoio, normas, certificação e desenvolvimento ao produtor se esforçam para contribuir com o empoderamento, a organização e a ação coletiva de agricultores e trabalhadores. Nosso trabalho busca transformar regras comerciais injustas e insustentáveis, práticas comerciais e padrões de consumo”, explicou Catalina Jaramillo, Diretora Regional para o Cone Sul na CLAC (Coordenadoria Latino-americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Comércio Justo).

A entidade trabalha com produtores de pequeno e médio porte de café, laranja, açúcar, cacau e mel. Entre as ações propostas estão o acordo de um preço mínimo, rastreabilidade do produto e transparência nas relações comerciais, além do incentivo ao cooperativismo, o respeito aos direitos humanos, a não exploração do trabalho infantil e as boas práticas agrícolas.

Devida diligência em direitos humanos

As empresas devem trabalhar para identificar, prevenir, mitigar e prestar contas de como lidam com os impactos adversos, reais e potenciais, em suas próprias operações e em sua cadeia de fornecimento e outras relações comerciais. “Algumas das ações envolvem apoiar seus fornecedores para melhorar suas práticas no sentido de prevenir e mitigar impactos adversos sobre os direitos humanos e meio ambiente, promover o diálogo entre empresas e pessoas afetadas, e ajudar as empresas a unir esforços para lidar com os riscos e danos mais graves”, orienta Catalina.

Eduardo Trevisan Gonçalves, gerente de Cadeias Agropecuárias do Imaflora, ressalta que os principais pontos para a mitigação desses riscos são a colaboração entre fornecedores, compradores, e outros membros dessas cadeias; a melhoria contínua com a elaboração de mapas de riscos, treinamentos, sensibilização; e monitoramento. “Há diversos mecanismos para melhorar as relações e os direitos humanos no agronegócio brasileiro. Muitos deles são aplicados e desenvolvidos pelo Imaflora. Temos como exemplo iniciativas com uma década de implantação, como o Programa Elos Raízen.”

Criado em 2014, o Programa Elos é uma iniciativa da Raízen, desenvolvido em parceria com o Imaflora e a Solidaridad. Durante o evento, os resultados do programa foram apresentados por Gustavo Spegiorin, Coordenador de Inovação e Oferta Sustentável da Raízen.

Segundo Spegiorin, o Elos Raízen promove a melhoria contínua por toda a cadeia de cana-de-açúcar, contribuindo para a qualidade de vida de trabalhadores rurais, a conservação do meio ambiente e a prosperidade dos negócios, dentro e fora da lavoura. “Alcançamos mais de 2 mil produtores, com metodologia orientada para a melhoria contínua e combinada com planejamento, diagnóstico, orientações individualizadas e engajamento.” A abordagem visa o fortalecimento de uma cultura de responsabilidade socioambiental e de respeito aos direitos humanos no entorno das operações da Raízen.

A Nestlé, representada por Rodolfo Clímaco, Gerente de Serviços Agrícolas de Café, apresentou o projeto que tem como objetivo garantir o futuro do café, ao mesmo tempo em que melhora a vida e a subsistência dos cafeicultores. “Entre nossos princípios estão a agricultura regenerativa, carbono neutro e cadeia de valor inclusiva.”

Tanto Clímaco quanto Spegiorin falaram que os maiores desafios encontrados no campo são a resistência à mudança de cultura e as dificuldades de comunicação e adequação da linguagem. “Tem produtores, por exemplo, que começaram a trabalhar na propriedade da família ainda menores e hoje têm dificuldade de entender que não é mais possível essa realidade”, conta Clímaco.