Programa Elos Raízen, desenvolvido em parceria com Imaflora e Solidaridad, atende 2 mil produtores e busca melhoria contínua na cadeia produtiva de cana-de-açúcar.
Programa Elos Raízen, desenvolvido em parceria com Imaflora e Solidaridad, atende 2 mil produtores e busca melhoria contínua na cadeia produtiva de cana-de-açúcar.
O programa Elos Raízen, fruto da parceria firmada em 2014 entre Imaflora, Fundação Solidaridad e Raízen, é precursor no setor sucroenergético. Criado para garantir práticas sustentáveis e impulsionar melhoria contínua de toda cadeia produtiva de cana-de-açúcar pela oferta de valor integrada e ações socioambientais, o programa atende cerca de 2 mil fornecedores de cana, em cinco estados brasileiros.
“É uma iniciativa pioneira que foi e continua sendo bastante desafiadora, dada a sua abrangência”, afirma a coordenadora de Cadeias Agropecuárias do Imaflora, Daniella Macedo, responsável pelo programa Elos Raízen na organização.
A atuação do Imaflora no Elos Raízen consiste no desenvolvimento e em melhorias de protocolos utilizados pelos fornecedores, nas verificações de campo e visitas aos produtores, no auxílio na implementação de soluções e no atendimento individualizado, de acordo com perfil local.
O trabalho abrange também treinamento para técnicos, produtores e trabalhadores rurais quanto à (1) segurança e manuseio de agroquímicos, (2) à operação de máquinas agrícolas, (3) primeiros socorros (4) e usos de equipamentos de proteção individuais (EPIS).
Daniella, que é coordenadora do programa Elos Raízen para o Imaflora desde sua implantação, celebra a oportunidade de apresentar parte dos trabalhos desenvolvidos e dos resultados alcançados pela parceria no estande da “Oferta de Valor Integrada” durante esta edição da Convenção Agro Raízen, em Atibaia (SP).
A proposta do programa, segundo a coordenadora, ultrapassa objetivos comerciais, mais restritos a negociar quantidade e qualidade de cana, como normalmente ocorre no relacionamento entre as usinas e os produtores, de forma geral.
“Buscamos desenvolver os produtores de cana-de-açúcar para melhorar sua produtividade, bem como práticas sociais e ambientais. Ficamos muito felizes e animados com o convite para integrar a Convenção Agro Raízen. O Imaflora e a Solidaridad são duas ONGs (Organizações Não-Governamentais) que conferem essa credibilidade ao programa Elos Raízen, calcado nos princípios da idoneidade, transparência e credibilidade”, afirma Daniella.
Imaflora e setor sucroalcooleiro
Desde sua fundação, em 1995, a atuação do Imaflora perpassa o setor sucroalcooleiro, em uma relação antiga com a busca por melhorias na cadeia de produção de cana, pelo desenvolvimento e implementação de certificações socioambientais que contemplam a conservação de recursos naturais, respeito às leis trabalhistas, garantia de direitos e bem-estar aos trabalhadores rurais.
O Imaflora desenvolveu uma série de normas socioambientais para cana-de-açúcar voltadas à safra de 1996-1998. Na sequência, o protocolo foi lançado em livro. Dez anos depois, em 2008, o instituto organiza uma segunda publicação “Certificação Socioambiental para a Agricultura: Desafios para o Setor Sucroalcooleiro”.
O instituto participou ainda da concepção do sistema Rainforest Alliance™ e, desde 2002, atua diretamente nos processos de revisão das normas aplicáveis. Nas consultas públicas da Rede de Agricultura Sustentável (RAS), o Imaflora trabalhou para incluir a cana-de-açúcar no escopo da certificação da Rainforest Alliance™ e realizou auditorias em usinas.
O campo de atuação do Imaflora também alcança a construção de normas socioambientais para biocombustíveis e de testes de campo para aplicação de protocolos nesse setor.
Os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável são fatores preponderantes da atuação do Imaflora no projeto. O relatório anual da safra 2019/2020 apontou que 56% das melhorias implementadas no setor sucroalcooleiro no período se referiam a aspectos trabalhistas e de Saúde e Segurança e 26% ao Meio Ambiente. -Veja mais detalhes abaixo.
A trajetória precursora da organização é reconhecida em iniciativas como a do programa Elos Raízen que, de acordo com Daniella Macedo, surgiu de uma necessidade da Raízen de buscar melhorias contínuas nos processos de produção de cana-de-açúcar própria e de seus fornecedores.
“Procuraram o Imaflora, devido à expertise com desenvolvimento de normas e auditorias de verificação e certificação, e o Solidaridad porque a fundação já tinha uma ferramenta de coleta e análise de dados de forma agregada, para realizar essa melhoria contínua e integrada, não apenas individualmente, não apenas em um local, mas regionalmente”, relata.
O respeito aos direitos humanos é primordial no programa, em todos os aspectos, seja de saúde e segurança, combate à discriminação, ao assédio, reafirma Daniella. “Trabalhamos na classificação de risco, no diagnóstico e mitigação”, observa.
Entre os dias 17 e 18 de agosto, o Imaflora participou do Evento Cultivar 2022, a 7ª edição da Convenção Agro da Raízen.
Resultados e Desafios
Os dados do Elos Raízen no relatório anual da safra 2019/2020 apontam para resultados positivos no trabalho pela melhoria contínua na cadeia de produção, principalmente quanto à diminuição e reutilização de embalagens, treinamento para os produtores para uso de agroquímicos, capacitação para uso de máquinas e implementos.
Foi comprovada pelo Imaflora a assertividade de 97% no diagnóstico das oportunidades de melhorias, o que significa que as ações propostas estavam condizentes com os desafios encontrados no campo.
O relatório anual da safra 2019/2020 demonstra ainda o percentual de melhorias implementadas para cada tema, sendo 56% direcionado aos aspectos trabalhistas e de Saúde e Segurança; 26% ao Meio ambiente; 17% para Aspectos agronômicos e 1% a Gestão da fazenda
Os resultados geraram também reconhecimento nacional e internacional. O programa Elos Raízen foi selecionado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU) para compor um repositório de iniciativas transformadoras, capazes de contribuir com um modelo de desenvolvimento econômico mais sustentável e inclusivo. Além disso, obteve reconhecimento da plataforma Sustainable Agriculture Initiative (SAI).
Um programa de abrangência como o Elos Raízen também tem desafios a serem superados. No início do projeto, lembra a coordenadora Daniella Macedo, o primeiro desafio foi conseguir engajamento dos produtores.
“De maneira geral, é um setor que não estava tão acostumado com auditorias e verificações. Foi preciso deixar claro, para que fosse realmente entendido, que não era uma fiscalização. Porque, de fato, não é. Atuamos, realmente, para ajudar o fornecedor a melhorar”, reforça.
Se por um lado, a abrangência do programa foi fator preponderante e positivo para o Imaflora aceitar a parceria, por ser totalmente inclusivo e atender ao anseio do instituto pela adesão de produtores de cana às certificações; por outro representou mais um desafio - o da cobertura de atendimento.
O programa olha para o produtor, para prestador de serviços e trabalhador do campo. “A Raízen tem cerca de dois mil fornecedores de cana, com perfis muito distintos. A questão é como se lida com o pequeno, médio e grande produtor. São situações completamente diferentes e o mesmo ponto para ser melhorado. Esse era outro desafio para Raízen e para o Imaflora”, ponderou.
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