Certificada em 2020, o Grupo RRX Florestal, que atua no manejo sustentável de florestas naturais e na industrialização de madeira tropical, ampliou seus negócios para o mercado de exportação. O diretor de florestas da empresa, Guilherme Berwerth Stucchi, enfatiza que obter a certificação FSC® (Forest Stewardship Council)® possibilitou a entrada no comércio internacional de madeira e, por consequência, aumentou o faturamento da companhia nos últimos três anos. Isso porque o mercado internacional demanda uma série de exigências em relação à rastreabilidade dos processos, visando garantir que a madeira não seja proveniente de desmatamento. Nesse sentido, a verificação da cadeia de custódia FSC (CoC - abreviação da sigla em inglês ‘chain of custody’), que busca assegurar a rastreabilidade dos processos de certificação, apresenta garantias exigidas pela União Europeia de fornecedores estrangeiros, o que não é tão comum no mercado interno.
"A rastreabilidade da cadeia de custódia é fundamental para o mercado de exportação. Os clientes querem receber a cadeia de custódia completa de cada pacote de madeira. Não querem só ter acesso ao produto e à nota fiscal, por exemplo. O cliente quer saber quando a madeira foi produzida, em qual lote, quais conjuntos de toras foram utilizados. A União Europeia exige que o exportador comprove sua cadeia de custódia”, disse Stucchi.
O Parlamento Europeu aprovou, no último dia 13 de setembro, um projeto de lei que impede os países do bloco de importarem produtos provenientes de áreas desmatadas. A proposta prevê sanções e cobranças de tarifas aos fornecedores que descumprirem a medida comercial e não comprovarem a origem da matéria, bem como o não-desmatamento.â¯â¯
Um grupo de empresas importadoras especializadas em madeira tropical e ativas no mercado europeu enviou uma carta aberta ao setor florestal brasileiro. No documento, ressaltam o objetivo de chamar atenção para demandas e tendências atuais em relação à madeira sustentável e certificada.â¯
O coordenador de Certificação Florestal do Imaflora, Gabriel Naif Andrieli, explica que a cadeia de custódia é uma forma de garantir a transparência quanto à origem do produto florestal, bem como de todos os demais processos e estágios envolvidos na atividade até chegar ao consumidor final. “É a garantia da rastreabilidade desde a origem até o cliente, seja esse produto uma cadeira, um papel, um lápis e até mesmo uma figurinha”, exemplifica.â¯
Andrieli acrescenta ainda que a certificação promove maior rigor técnico e procedimentos de operação florestal mais bem executados, bem como prevê a mitigação de impactos nas florestas durante as operações e assegura a conservação de áreas especiais, como as reservas absolutas, áreas de Preservação Permanente (APP), áreas de uso tradicional de comunidades e Atributos de Alto Valor de Conservação (AAVCs).
O que empurra essa cadeia de custódia para frente é a floresta certificada e que também gera demanda para ter a indústria certificada, que cumpre a legislação vigente, com processo produtivo ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente viável.
"A indústria puxa a cadeia da certificação. Quando a madeira certificada entra em uma unidade de processamento que alcançou o selo, há garantias que esse produto florestal, essa madeira com origem responsável, mantenha sua rastreabilidade e não seja misturado com outros materiais, produtos ou insumos não certificados", afirma Andrieli.
Para os empreendimentos que alcançam uma certificação, acrescenta Andrieli, listam-se maior rigor técnico e procedimentos de operação florestal mais bem executados, além da mitigação de impactos nas florestas durante as operações e a conservação de áreas especiais, as chamadas reservas absolutas.
O diretor de florestas da RRX ressalta que, após a certificação, conseguiu acessar um mercado melhor, de madeira nobre, o que refletiu no aumento do faturamento, ao se tornar exportadora e, consequentemente, no crescimento da empresa. Para isso, o beneficiamento da madeira, feito no processo de certificação iniciado em 2019, foi essencial. Todos os protocolos, as auditorias, as boas práticas também se estenderam à serraria da empresa, por exemplo. Praticamente todo volume FSC é exportado pelo grupo, aponta Guilherme Stucchi, que conta com duas empresas - a concessionária de floresta pública Ltda, RRX Mineração e Serviços,⯠e a indústria RRX Timber Export Eireli.
Stucchi destaca que a certificação florestal promove vários benefícios à empresa. Durante o processo de certificação, padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade precisam ser alcançados. O cumprimento de regras de produção e boas práticas como a preservação da biodiversidade, respeito à legislação, uso consciente de produtos químicos, garantia de direitos trabalhistas e estímulo ao emprego local, no final, geram benefícios e refletem em melhorias nos processos das operações. Tudo isso, por sua vez, representa, entre outros aspectos positivos indiretos do manejo responsável, menos índice de acidentes e maior qualidade do produto ofertado ao mercado, por exemplo.
Todo processo de certificação também gerou benefício institucional ao Grupo RRX Florestal, uma vez que ela pode ser utilizada como diferencial junto aos clientes e para inserção da empresa no mercado internacional.â¯
Além de proporcionar aos compradores mais segurança sobre o produto que adquirem, outro aspecto positivo acarretado pela certificação florestal é a fidelização do cliente. Guilherme explica que na⯠Amazônia, por exemplo, se trabalha com safras, e por isso existe uma sazonalidade de produção. Segundo ele, há clientes que preferem fechar negócios com empresas certificadas porque sabem que há uma garantia a longo prazo. Isso tudo, por si só, fortalece os processos da empresa que se torna mais sustentável, econômica e socialmente, uma vez que minimiza seus impactos nas comunidades que vivem próximas à área de manejo certificada.