Há 30 anos, o Imaflora trabalha onde a transformação acontece: no campo. Nossa experiência combina conhecimento técnico com presença junto a comunidades tradicionais, produtores rurais e diversos atores do campo e da floresta. Em 2024, essa expertise foi ainda mais necessária. No Brasil, isso se traduziu em eventos extremos como seca recorde na Amazônia e enchentes no Rio Grande do Sul.
É preciso reforçar a importância de cadeias agropecuárias e florestais responsáveis e de baixas emissões, ampliar benefícios para pequenos agricultores e comunidades tradicionais e dar escala para o modelo da sociobiodiversidade, ações estratégicas para o Imaflora.
Os Sistemas Agroflorestais, por exemplo, são uma alternativa comprovadamente benéfica para a geração de renda aliada à conservação ao promover a produção agrícola integrada com a floresta. Esse modelo é aplicado na produção do guaraná em dezenas de cidades no Amazonas, por meio do projeto Olhos da Floresta, parceria do Imaflora com a Coca-Cola. Com o Projeto Cacau 2030, a produção agroflorestal do cacau acontece em três estados do Brasil: Bahia, Espírito Santo e Pará, onde novas unidades produtivas foram inauguradas em 2024.
Diante desse cenário, governos, empresas e sociedade civil trabalharam para avançar as agendas da agricultura responsável e da sociobiodiversidade. Para isso, a primeira coisa é estabelecer as “regras do jogo”. E foi o que o grupo das 20 maiores economias do planeta fez ao definir os 10 princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia, em setembro de 2024. Diretrizes como a defesa de direitos de todas as pessoas, incluindo indígenas e comunidades locais, irão servir de base para discussões futuras sobre bioeconomia no mundo. Já em âmbito nacional, o Brasil começou a desenvolver seu Plano Nacional de Bioeconomia, para o qual poderemos sugerir caminhos a partir da vasta experiência do Imaflora em impulsionar o comércio ético na agricultura familiar e na sociobioeconomia, como é o caso da rede Origens Brasil®.
Precisamos também olhar para como os povos da floresta são recompensados pela conservação que seu modo de vida promove. A Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais é uma agenda necessária para que os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais tenham prioridade e sejam recompensados pelos benefícios ecossistêmicos que ajudam a promover.
Na rede Origens Brasil®, que estimula o comércio ético entre comunidades tradicionais e o setor empresarial do Brasil e exterior, mais um território passou a integrar a rede em 2024. Com a entrada da Calha do Purus (AM), que abrange 5,7 milhões de hectares, divididos em 22 áreas protegidas, já são seis os territórios que fazem parte da rede. Além disso, foi atingida a marca de 100 produtos com o selo Origens Brasil® e R$ 8 milhões de transações comerciais.
Conservação de nascentes, prevenção e modos de proteção do fogo e alternativas de acesso à água são alguns exemplos de ações trabalhadas pelo Imaflora junto às comunidades que fazem parte do programa Florestas de Valor, que também receberam apoio para acessarem fundos emergenciais.
O Florestas de Valor completou 10 anos em 2024, disseminando técnicas de produção sustentável como agroecologia, sistemas agroflorestais, os chamados SAFs, sistemas de irrigação e capacitação de agricultores familiares.
Nossa conexão com a terra e com os produtores que nela trabalham acontece no dia a dia. Em 2024, estivemos presentes em 20 estados brasileiros e atuamos em 6,5 milhões de hectares, visitando produtores agrícolas e florestais, seja para as auditorias que fazemos, seja na assistência em práticas de agricultura regenerativa e cálculo de carbono. Desenvolvemos diferentes ações como certificações florestais e agrícolas, verificações como C.A.F.E. Practices e Plataforma SAI, e a ferramenta ScoreCar, em parceria com a Agrotools. Ainda, para auxiliar as cadeias produtivas, mapeamos as suas necessidades e aprimoramos o Carbon On Track, nossa plataforma para calcular o balanço de carbono de propriedades e recomendar práticas regenerativas de baixo carbono.
Já passou da hora de olhar para os exemplos que vêm da floresta e entender que é possível produzir sem destruir, em um modelo em que a economia esteja à serviço das pessoas e do planeta.