Informar os diversos segmentos atuantes na pecuária em Rondônia sobre a problemática, desafios e oportunidades para o desenvolvimento dessa atividade de forma mais sustentável e dar início ao desenho e à condução de uma iniciativa-piloto que integre rastreabilidade, readequação ambiental e intensificação produtiva foram os principais objetivos do workshop “Pecuária Sustentável”, realizado em Porto Velho, nos dias 4 a 6 de junho.
O evento foi realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), através da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI). Com o total de 90 participantes, o encontro reuniu produtores e representantes da Secretaria de Agricultura (Seagri) e Secretaria do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), Ministério Publico Federal (MPF), Embrapa, Emater, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia-(Faperon), da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), frigoríficos e representantes da sociedade civil como Imaflora, Rio Terra e Ecoporé.
As discussões se concentraram nas frentes de atuação necessárias para a construção de uma pecuária sustentável, considerando:
- *o desafio de desenvolver a atividade de forma mais eficiente, com gestão do sistema produtivo para garantir maior produtividade;
*a importância de ser um processo inclusivo com participação de pequenos, médios e grande produtores,
*a oportunidade de ampliar o acesso a assistência técnica de qualidade, incentivos e mercados;
*o cumprimento da legislação socioambiental;
*a necessidade de implementar sistemas de rastreabilidade e práticas de monitoramento, relato e verificação, para garantir sanidade animal e transparência.
O protocolo Boi na Linha, iniciativa do Ministério Público Federal e do Imaflora, foi mencionado como uma experiência importante a ser adotada pelos frigoríficos no estado para assegurar a transparência dos compromissos socioambientais no bioma amazônico.
A adoção de tecnologias para o desenvolvimento da pecuária sustentável como integração entre lavoura, pecuária e floresta (ILPF), a recuperação de pastagens degradadas e boas práticas agropecuárias, assim como oportunidades e desafios da pecuária em Rondônia para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas também foram assuntos debatidos.
O Estado de Rondônia é atualmente o quarto estado mais emissor de gases de efeito estufa do país. Desse total, cerca de 23% corresponde ao setor de agropecuária. Do total das emissões pela agropecuária, cerca de 96% é proveniente da atividade de pecuária, sendo a maior parte resultante da bovinocultura de corte, com a emissão de 32,6 MtCO2e e respondendo por 94% das emissões da pecuária no estado, enquanto o restante das emissões é gerado pela bovinocultura de leite (SEEG, 2023).
Para promover a mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de pecuária e leite, as principais práticas e tecnologias são as que o Plano ABC+ já trazem, como a recuperação das pastagens degradas e a adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. A melhoria do uso e manejo do solo desses sistemas ajudam no sequestro de carbono pelo solo, compensado as emissões dos animais. Além disso, a intensificação do sistema produtivo auxilia na redução de abate dos animais para a produção de carne e no aumento da produção de leite. Também é fundamental o investimento e adoção de terminação intensiva, melhoramento genético e da dieta desses animais. Tudo isso para que a pecuária no estado possa se tornar de baixas emissões e mais produtivas, contribuído com o setor e na mitigação das mudanças climáticas. Para isso, é imprescindível ações de ATER e de transferência de tecnologias em todas as escalas.
O evento se mostrou um importante momento de diálogo multi-atores, e reforçou a relevância da atuação transversal, coordenada e concertada entre governo, setor e sociedade civil.
Ao fim do encontro, a equipe visitou a Fazenda Serra Verde. Administrada pelo Grupo Rovema, a Serra Verde é um modelo da integração lavoura-pecuária, técnica sustentável em que a pastagem convive com culturas agrícolas, aprimorando a qualidade do solo e reduzindo emissões de gases do efeito estufa. Além de boas práticas agropecuárias, o grupo apresentou um projeto de geração de créditos de carbono, com base na preservação de áreas florestais na reserva legal de suas fazendas.
O evento aconteceu no âmbito do projeto Transparência e Sustentabilidade em Cadeias Produtivas na Amazônia (ProTS), desenvolvido em parceria com a agência de cooperação Alemã GIZ, com apoio da organização Rio Terra, da Embrapa e do Imaflora.