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Estudo inédito mostra que 2% das espécies disponíveis compõe mais da metade da exploração madeireira na Amazônia brasileira

31/07/2022

A análise indica que 20 espécies, das 998 presentes no mercado, têm sido exploradas à exaustão. Manejo florestal responsável com foco na biodiversidade pode ser solução para o cenário.

 

52% da exploração madeireira na região amazônica, que equivale a cerca de 80 milhões de metros cúbicos de madeira (entre os anos de 2007 a 2020), está concentrada na exploração ao esgotamento de 15 a 20 espécies. Essa é a principal descoberta feita pela oitava edição do Boletim Timberflow, uma iniciativa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que reúne dados e oferece maior transparência sobre a cadeia produtiva da madeira no Brasil. A análise feita nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima aponta que a busca por novas fronteiras de exploração após o esgotamento de espécies em antigas fronteiras poderia ser diminuída a partir da diversificação do manejo feito de maneira responsável. 

 

No Brasil, historicamente, foi comum a busca indiscriminada por espécies arbóreas até quase serem extintas. “O próprio Pau-Brasil, árvore que dá nome ao país, passou por isso. Infelizmente, ainda hoje a gente observa que isso é uma realidade no setor florestal, sobretudo na Amazônia”, afirma Maryane Andrade, consultora da iniciativa de legalidade florestal do Imaflora. O estudo demonstra a fragilidade estratégica existente na indústria madeireira da Amazônia, que gera produtos destinados principalmente ao mercado de construção civil no Brasil e no exterior. “Se bem utilizada, a ampla diversidade ofereceria uma alternativa para que não venhamos a exaurir outras madeiras valiosas”, completa a consultora.

 

Entre as espécies mais buscadas durante o período da pesquisa se destaca a Maçaranduba, que lidera o ranking e corresponde sozinha a quase 8% de toda a produção. Também estão na lista árvores bastante conhecidas como o Jatobá, Ipê Roxo, Cumaru e Jequitibá. O motivo para serem as mais exploradas não se relaciona a propriedades específicas dessas madeiras, mas ao interesse do mercado consumidor. “Não há, por exemplo, um padrão definido de densidade entre elas. São madeiras conhecidas pelo mercado consumidor, que gosta delas e gera demanda. São consideradas famosas, digamos assim”, explica Maryane.

 

O estudo demonstra também que há uma tendência crescente de maior diversificação na antiga fronteira de exploração madeireira, situado na região do arco do desmatamento. A justificativa seria a necessidade de buscar outras espécies a partir do esgotamento das árvores mais exploradas nestes locais. “Nossa hipótese é de que a exaustão das madeiras mais comerciais leva a uma diversificação natural do mercado. Porém, apesar da diversificação ser positiva, ela deveria acontecer antes da exaustão das principais espécies”, observa a consultora do Imaflora.

 

A variedade é um dos pontos-chaves para a melhoria do manejo, proporcionando o não esgotamento de espécies e a valorização da diversidade. Mato Grosso e Pará, historicamente os principais estados produtores, se destacam por terem uma diversificação que não está presente nos outros estados. Na comparação entre Amazonas e Mato Grosso, por exemplo, é observado um movimento contrário. Enquanto no primeiro estado o número de espécies exploradas foi diminuindo ao longo do período analisado - de 328 em 2007 a apenas 240 em 2020, no Mato Grosso, a tendência foi oposta, de 417 espécies exploradas em 2007 e chegando a alcançar 510 em 2015.

 

Transparência e robustez 

 

O grande diferencial da oitava edição do Timberflow está na análise de um extenso banco de dados para responder uma pergunta primária, mas que ainda tinha lacunas na resposta. Para esclarecê-las, o Imaflora se debruçou em dados do Documento de Origem Florestal (DOF) e do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (SINAFLOR) do Mato Grosso e do Pará. 

 

“Quando fazemos análises dessa magnitude, a transparência e a robustez dos dados são pontos importantes nem sempre fáceis de acessar. Foi um desafio sanitizar as bases, trabalhar em cima dos erros para realmente chegar nas respostas”, conta Maryane Andrade, que acredita que o destaque do boletim não está só no que foi achado em cima dos dados, mas o caminho percorrido pela equipe para a compilação de todas essas informações. 

 

A má identificação de algumas espécies em campo somada à  entrada errada de nomenclaturas no banco de dados que, entre outras questões, gera a inflação de dados, foram os desafios da pesquisa. Nesse sentido, uma das recomendações trazidas no boletim é a melhoria de identificação em campo. Maryane explica que isso pode ser feito através de um maior investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para identificação das espécies em campo. Além da valorização dos parataxônomos, as pessoas que vão a campo fazer esse reconhecimento de espécies.

 

Sobre o Imaflora

 

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país. Mais informações: www.imaflora.org

 

 

 

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