Programa apoiado pelo UK Pact avança na criação de ferramentas para alinhar financiamento rural e sustentabilidade
O Imaflora, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Embrapa promoveram, em agosto, no campus da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Marabá (PA), a Oficina de Análise Financeira de Sistemas Agrossilvipastoris. Esta foi a terceira oficina do projeto “Acelerando Incentivos Verdes em Créditos Rurais”, realizado no âmbito do Programa UK Pact, uma parceria entre os governos do Brasil e do Reino Unido. Desde 2023, a iniciativa reúne produtores rurais, técnicos, pesquisadores e representantes da sociedade civil com o objetivo de discutir experiências produtivas na Amazônia, sempre contando com o apoio técnico da Embrapa.
As duas primeiras oficinas foram realizadas em Belém e analisaram os indicadores financeiros de sistemas agroflorestais. Desta vez, em Marabá – região estratégica para a agricultura familiar no sudeste do Pará – o foco esteve na viabilidade econômica dos sistemas agrossilvipastoris, que combinam agricultura, floresta e pecuária na mesma área produtiva.
As atividades têm como objetivo principal coletar dados financeiros por meio da ferramenta AmazonSaf, desenvolvida pela Embrapa, que servirão de subsídio à implementação do Programa Florestas Produtivas, do MDA. O programa possui atualmente um projeto piloto no Pará e é considerado uma importante política pública para facilitar o acesso da agricultura familiar aos programas de financiamento federal direcionados à produção sustentável.
Posteriormente, haverá um encontro em campo para levantar indicadores ambientais referentes à implementação dos sistemas agrossilvipastoris. Com isso, será concluída a etapa de coleta de dados diretamente com os agricultores participantes. A expectativa é que essas informações contribuam para o desenho de políticas públicas voltadas ao fomento de sistemas produtivos sustentáveis e à ampliação do crédito rural para a agricultura familiar brasileira.
De acordo com a coordenadora de projetos e serviços do Imaflora, Renata Andrés, o levantamento de dados financeiros é essencial e visa apoiar o MDA na implementação do Programa Florestas Produtivas. Ela destaca que o projeto piloto no Pará é um passo importante para demonstrar, na prática, que modelos produtivos sustentáveis podem ser rentáveis e gerar melhores condições de trabalho e renda para as famílias rurais.
Já o coordenador do Projeto Inaugural do Programa Nacional de Florestas Produtivas, Everaldo Nascimento de Oliveira, ressalta que os dados gerados de análise de sistemas agroflorestais e agrossilvipastoris nas oficinas serão fundamentais no processo de convencimento das instituições financeiras, como os bancos que operam linhas de crédito públicos (a exemplo do Pronaf Floresta), de que essas iniciativas têm viabilidade técnica e econômica.
Na avaliação do coordenador da Embrapa, Marcelo Arcoverde, a oficina também permitiu trabalhar de forma específica a viabilidade financeira da produção de leite na região. A partir do diálogo direto com os produtores, foram identificados gargalos e definidas propostas de melhorias capazes de gerar impactos positivos nos sistemas produtivos locais. Arcoverde enfatiza que a ferramenta AmazonSaf é fundamental para que os agricultores possam analisar custos e receitas de maneira mais estruturada, planejar melhor o manejo e avaliar diferentes cenários para otimizar a produção de leite.
Com o conjunto de informações obtidas nas oficinas, os organizadores esperam fortalecer ações de apoio técnico e ampliar o acesso ao crédito rural para agricultores familiares interessados em adotar sistemas produtivos sustentáveis, capazes de conciliar conservação ambiental, geração de renda e inclusão social.
