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Pioneira em artefatos de borracha, Mercur opta pela Amazônia

25/05/2014

Nem tanto o lucro. O que a Mercur obtém dos seringais da Terra do Meio, no centro-oeste do Pará, é muito mais do que o látex utilizado por ela na fábrica de artefatos de borracha no sul do país. Pioneira, a empresa atua no ramo desde 1924. Os primeiros lotes de borracha natural que ajudaram a consolidar a indústria vieram da floresta amazônica. Mais tarde, o abastecimento passou a vir dos seringais cultivados na região Sudeste, mais próximos e com logística bem menos complexa.
Mas há quatro anos, a empresa decidiu retomar a compra de borracha dos extrativistas da região. A opção foi além da visão puramente lucrativa. Incentivada por organizações que atuam nas Reservas Extrativistas da Terra do Meio com a criação cadeias produtivas sustentáveis, a Mercur decidiu apostar em uma estratégia de longo prazo, onde o que conta é a floresta em pé e o modo de vida dos extrativistas que ajudam a conservar a floresta.
Entre os articuladores da reaproximação da empresa com as comunidades da Amazônia está o IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, que trabalha na região por meio de projetos entre eles o projeto Florestas de Valor, iniciativa que promove a conservação da floresta amazônica ao fortalecer o mercado e as cadeias de produtos florestais não madeireiros e disseminar as boas práticas agrícolas. O projeto está em andamento desde 2009 com apoio do Fundo Vale. Desde 2013, o projeto conta com patrocínio da Petrobras e participa do Programa Petrobras Socioambiental, um dos instrumentos da política de responsabilidade social da companhia.
Opção amazônica – No início de maio, durante uma reunião de avaliação do projeto realizada na Resex Rio Xingu, o diretor da Mercur, Jorge Hoelzel Neto, reafirmou o compromisso da empresa em continuar a adquirir a produção de borracha natural das comunidades extrativistas das reservas do Riozinho do Anfrísio, Rio Xingu e Rio Iriri – todas na Terra do Meio.
O anúncio animou os extrativistas. A empresa é hoje a que melhor paga pelo produto na região (cerca de três vezes mais que o valor local). A remuneração tem tido um efeito múltiplo na região. Ela estimula a retomada da cultura seringueira, incentiva as famílias a ficarem no campo cuidando da floresta e ainda faz surgir uma economia de base florestal que não derruba uma árvore sequer.
“O que compramos na Amazônia, porém, ainda é pouco, são cerca de duas toneladas e meia para um total de seiscentas toneladas que usamos todos os anos. Mas o que importa é o propósito de ajudar a resgatar o relacionamento da empresa com a região, preservar o conhecimento tradicional da extração da borracha e ainda a manter a floresta em pé”, ressaltou Hoelzel.
O empresário, porém, indicou que tem planos de ampliar ainda mais essa política de sustentabilidade. A Mercur não quer só vir à Amazônia, buscar a borracha natural, enviar para o beneficiamento em São Paulo, fabricar os produtos no Rio Grande do Sul para depois devolver o produto acabado na região de onde saiu a matéria prima.
“Desse jeito nós não vamos baixar nossa emissão [de gases de efeito estufa]. Ela só está aumentando”, constatou. Segundo ele, a empresa tem planos de futuramente encontrar parceiros e estabelecer unidades produtivas na região amazônica. A meta é produzir na Amazônia os bens que serão ali consumidos. “A borracha é um dos setores incluídos na ideia das Mercur locais. Mais adiante, vamos tentar buscar isso com outros setores também.”.
Sobre o projeto Florestas de Valor (#FlorestasDeValor)
O projeto Florestas de Valor existe para fortalecer as cadeias de produtos florestais não madeireiros, disseminar a agroecologia e conservar a floresta em três regiões do estado do Pará: na Calha Norte do rio Amazonas, na Terra do Meio e no município de São Félix do Xingu. O projeto apoia a implantação de sistemas produtivos responsáveis, conecta extrativistas e empresas na lógica do mercado ético e busca sensibilizar a sociedade para o consumo consciente de produtos florestais e para a conservação dos recursos naturais. Saiba mais em www.imaflora.org/florestasdevalor


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