O Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado no primeiro sábado de julho e, que, neste ano, acontece dia 3 de julho, terá como tema “Reconstruir melhor juntos”, para mostrar como as cooperativas oferecem uma oportunidade de recuperação focada nas pessoas e também no meio ambiente. Celebrado pela Aliança Cooperativa Internacional desde 1923, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1995. O trabalho desenvolvido pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) junto a nove cooperativas demonstra que o modelo promove benefícios sociais e econômicos para as comunidades envolvidas, além de permitir uma atuação conjunta pela conservação ambiental.
Este é o caso da Cooperativa Monteccer, que reúne 152 fazendas produtoras de café no município de Monte Carmelo, em Minas Gerais. Organizados em 1995, inicialmente como uma associação de pequenos produtores, os cafeicultores necessitavam de uma representatividade institucional para adquirir maquinário e alugar espaço de armazenamento para a produção.
A solução foi criar a cooperativa, que passou a funcionar como uma extensão das fazendas para facilitar o acesso a mercados, como explica Regis Damasio Salles, diretor superintendente da Monteccer. De acordo com ele, a fazenda tem toda a estrutura para produzir o café, mas a estrutura de armazenagem, padronização, certificação, orientação, laboratório de classificação do produto e área de apoio à venda ficam a cargo da cooperativa. "O produto da Monteccer é a prestação de serviços para as fazendas. A nossa proposta é valorizar as fazendas e o café do cooperado com segurança", resume Regis.
Cooperação pela sustentabilidade
O trabalho da cooperativa junto aos cafeicultores também passa pelos aspectos ambientais e sociais, como cuidados com a fauna e a flora, recursos hídricos, qualidade do solo, nível de gestão, uso racional de insumos, defensivos e emissões de gases de cada fazenda.
Todos estes aspectos são avaliados no escopo da certificação socioambiental Rainforest Alliance que a cooperativa possui, emitida e avaliada periodicamente pelo Imaflora. Foi a primeira certificação na modalidade grupo para cafeicultores, feita há 15 anos. "Além disso, o trabalho com o Imaflora também passa pela orientação técnica e desenvolvimento de estudos para a Monteccer, em busca da implementação e comprovação da prática de uma agricultura de baixo carbono", explica Oseias Mendes da Costa, Coordenador de Projetos do Imaflora.
Em 2020, o Imaflora desenvolveu um estudo de balanço de carbono que demonstrou que um grupo de 34 fazendas da cooperativa mais sequestram do que emitem carbono. As unidades da Monteccer emitem 4,02 toneladas de CO2 equivalente por hectare ao ano, enquanto a média mundial é de 28 tCO2e por hectare ao ano. E, graças às técnicas de cultivo empregadas, o balanço de emissões das fazendas da cooperativa é negativo, -5,66 tCO2e por hectare ao ano. Ou seja, além de emitir abaixo da média, as propriedades conseguem sequestrar o carbono gerado.
A expectativa é que outras 72 fazendas se juntem à Monteccer até março de 2022, fortalecendo o trabalho de cooperativismo e as ações conjuntas em prol da qualidade do café e das práticas de agricultura de baixo carbono. As 152 fazendas que fazem parte atualmente da cooperativa somam 12.700 hectares, com produção média de 360 mil sacas por ano. "As fazendas estão sendo remuneradas pela quantidade e qualidade do café, a forma de produção, o ganho na qualidade da gestão", afirma Regis. "Qualidade do grão e qualidade na produção é o futuro, é o que o consumidor final quer".