O programa SERVIR-Amazonia dá um novo passo em direção ao avanço de geotecnologias em prol da conservação da Amazonia e mitigação das mudanças climáticas. O programa, que é um braço do SERVIR Global, uma parceria entre a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) dos Estados Unidos e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), fez o lançamento de quatro novos projetos brasileiros em um evento que reuniu pesquisadores, cientistas e parceiros para debater as soluções inovadoras para a Amazônia.
Desde 2005, o SERVIR Global vem trabalhando em parceria com diversos países para promover o uso de informações fornecidas por satélites de observação da Terra e de tecnologias geoespaciais para desenvolver soluções acessíveis visando impactar positivamente a vida das pessoas. Liderado pela Aliança Internacional da Biodiversidade e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), o SERVIR-Amazonia é o mais novo de cinco centros regionais do SERVIR.
São parceiros do programa da região Amazônica a Aliança da Bioversity International e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), o Grupo de Informática Espacial (SIG), a Conservação da Amazônia (ACCA) no Peru, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) no Brasil e a Fundación EcoCiencia no Equador. O Imaflora é um dos articuladores junto aos órgãos públicos para que os projetos possam ter uma atuação mais incisiva. Durante o evento de Piracicaba, foram anunciadas 4 novas iniciativas brasileiras, frutos da parceria de 5 anos entre o Imaflora e o SERVIR-Amazonia.
Eles usam dados e ferramentas já disponíveis e desenvolvem outras que permitam aos países da Bacia Amazônica com o objetivo de melhorar seu processo decisório em torno da conservação dessa região, além de incorporar mais adequadamente a voz de mulheres, povos indígenas e suas comunidades às suas decisões.
"Cada vez mais, o uso das geotecnologias em consonância com a ciência de dados tem se tornado imprescindível para promover soluções mais assertivas para atuação no meio ambiente. O SERVIR-Amazonia combina um vasto acervo de dados com a qualidade e tecnologia da NASA, o conhecimento sobre a Amazônia e a colaboração entre países e organizações que têm uma expertise reconhecida na região para apoiar a construção de uma economia baseada na sustentabilidade, que contribua para a manutenção e regeneração de um dos biomas mais ricos do planeta. Soluções globais com foco nas especificidades locais nos ajudam a ser mais assertivos", comenta Isabel Garcia Drigo, gerente de Clima e Emissões do Imaflora.
Sobre os projetos
Liderado pelo pesquisador Izaya Numata, o primeiro projeto é chamado “Monitoramento da dinâmica do carbono florestal em resposta a distúrbios no sudoeste da Amazônia” e visa usar dados da NASA combinados com outros registros de referência da região amazônica para entender e monitorar a dinâmica do carbono florestal, levando em conta todas as particularidades da Amazônia.
O segundo projeto, desenvolvido pelo pesquisador Benjamin Zaitchik, faz uso de ferramentas já existentes. Chamada “Previsão Subsazonal de Extremos Hidroecológicos na Bacia Amazônica”, a iniciativa tem o auxílio de profissionais transdisciplinares e com experiência no bioma amazônico para cruzar os dados já disponíveis às características hidroecológicas da região e, assim, comunicar e tomar decisões acerca das previsões climáticas da região.
O agronegócio também é um dos focos do SERVIR-Amazonia. O projeto “Desvendando o poder do NISAR para mapear a interface floresta-agricultura da Amazônia” tem o objetivo de, a partir do mapeamento da produção do dendezeiro em escala subnacional no Peru e no Brasil, partir para outras culturas e checar como elas podem melhorar meios de subsistência, ao mesmo tempo em que desvia o equilíbrio do desmatamento. Com isso, o projeto, que é desenvolvido pela pesquisadora da NASA Naiara Pinto, promove plantações em terras degradadas e melhora as práticas de manejo para aumentar a produtividade e a transparência da cadeia de suprimentos.
O quarto projeto, chamado “Um Serviço para Quantificar Mudanças no Estoque de Carbono Florestal no Estado de Mato Grosso, Brasil” e liderado pelo Michael Keller, pesquisador do US Forest Service, tem como foco o desenvolvimento de um serviço com base num projeto piloto já realizado por Mato Grosso do Sul. Em linha com um crescente mercado de crédito de carbono e nas oportunidades que ele pode gerar de negócios, o projeto co-desenvolveu um serviço para quantificar a perda de estoque de carbono florestal e o uso da terra em atividades associadas ao desmatamento, degradação e regeneração validadas com dados terrestres e aéreos.
Mais do que desenvolver e oferecer os serviços aos estados inseridos no bioma amazônico, o programa SERVIR-Amazonia se compromete a capacitar os governos para manter a atualização dos serviços realizando a transferência completa das tecnologias criadas.