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Novo sistema ajuda fundos e empresas a monitorarem investimentos em reflorestamento

15/12/2021

  • Imaflora desenvolve protocolo de verificação e auditoria para monitoramento de projetos que utilizam Sistemas Agroflorestais e podem ajudar o Brasil a cumprir meta climática 

 

Com a meta assumida no Acordo de Paris de restaurar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas até 2030, o Brasil precisa acelerar o desenvolvimento de projetos de restauração de áreas degradadas para poder cumprir o compromisso. Essa urgência ficou ainda mais evidente após a divulgação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, em agosto. Uma solução para esse desafio, que possibilita combinar restauração com produção de alimentos, são os Sistemas Agroflorestais (SAFs), que têm recebido investimentos crescentes de fundos de investimento e empresas, como é o caso do Fundo Vale, OSCIP ligada à empresa Vale. 

O Brasil possui milhões de hectares de áreas degradadas e existem grandes oportunidades de recuperação dessas áreas de forma a se evitar que mais florestas e cerrados sejam desmatados. Há muitos investidores e produtores interessados nessa ideia”, explica Eduardo Trevisan, gerente de Projetos do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Os SAFs, que incluem também os sistemas silvipastoris, são alternativas importantes para recuperação de áreas degradadas, uma vez que permitem a regeneração do solo, geração de renda, aumento da biodiversidade e produção de alimentos. 

Como forma de avaliar a aplicação desses investimentos na restauração, é preciso desenvolver uma série de métricas e critérios de controle e avaliação do cumprimento e desenvolvimento dos projetos, seguindo as diretrizes ESG. Pensando nisso, o Imaflora criou um protocolo de monitoramento que permite às empresas e fundos  acompanharem o avanço e a efetividade  dos projetos receptores. O protocolo já está sendo utilizado pelo Fundo Vale, que vem financiando iniciativas para cumprir um compromisso florestal voluntário de recuperar ao menos 100 mil hectares de áreas até 2030. O foco é a implantação de SAFs, que combinam desenvolvimento de culturas agrícolas com plantação de árvores nativas, promovendo, ao mesmo tempo, a restauração ambiental e a compensação de carbono.  
“O protocolo criado pelo Imaflora mede aspectos em relação ao sistema de aplicação, se estão seguindo padrões ambientais, e também quanto a compliance, se cumprem a legislação brasileira quanto a normas trabalhistas e de saúde e segurança, por exemplo”, explica Daniella Macedo, coordenadora de Projetos do Imaflora. “O investidor tem a segurança de que os recursos estão sendo utilizados para a finalidade prevista no projeto”, acrescenta.

“O Fundo Vale propõe uma abordagem de recuperação de áreas degradadas baseada em negócios agroflorestais que geram impactos socioambientais positivos mensuráveis, associando a mitigação de mudanças climáticas com modelos produtivos que incluem parcerias com pequenos produtores. A parceria com o Imaflora faz parte do compromisso de monitorar o desempenho social e ambiental desses negócios, promovendo oportunidades de melhoria nas áreas de produção, a mitigação de riscos, evidências para a tomada de decisão, além de garantir transparência por meio de um processo de verificação auditável”, afirma Daniella. 

O Imaflora desenvolve análises a partir de imagens de satélite e geoprocessamento, além de visitas anuais para verificações nos locais, para avaliar o percentual de mudança do uso do solo. O verificador também auxilia com orientações sobre os pontos a serem corrigidos ou aprimorados. Além disso, estão sendo desenvolvidos guias de orientação para os produtores com as principais correções e pontos de melhoria. “Já podemos verificar a evolução da vegetação nos projetos que começaram no ano passado. São áreas agricultáveis que estavam degradadas e estão sendo recuperadas, áreas com pasto degradado e baixa produtividade”, afirma Daniella. 

Voltados para pequenos e médios agricultores, os projetos envolvem plantios com espécies florestais nativas, como é o caso do cacau e do açaí,  a depender da região. O primeiro ciclo de avaliações foi feito no ano passado, ainda com o projeto em fase piloto, e o segundo ciclo, agora com meta de implantação em 5.000ha, com avaliações em campo, está sendo iniciado e segue até dezembro. 

A partir dessa primeira execução, o Imaflora desenvolveu a base para um sistema que poderá ser adotado por outros fundos e empresas que busquem dar maior transparência aos seus investimentos em restauração. “Em um cenário em que os impactos socioambientais positivos são cada vez mais um critério fundamental para as decisões de investimento, os SAFs certamente devem ter uma procura cada vez maior pelos investidores nos próximos anos”, finaliza Eduardo Trevisan.

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