A nova norma complementa a certificação da Rainforest Alliance e traz critérios que aprofundam as práticas regenerativas baseadas em evidências
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O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) conduziu o processo que resultou na primeira certificação brasileira com a norma de agricultura regenerativa da Rainforest Alliance, organização sem fins lucrativos e que opera em 62 países, certificando cadeias agrícolas que atuam com responsabilidade ambiental, social e climática. “A certificação de agricultura regenerativa é uma demanda de mercado. Ela cria um diferencial claro de boas práticas que responde às parcelas de mercado mais exigentes em relação à sustentabilidade dos produtos que consome”, afirma Ben-Hur Rosa, coordenador de Certificação Agrícola do Imaflora.
A Fazenda Nova Cintra, em Espírito Santo do Pinhal (SP), foi a primeira propriedade brasileira certificada como praticante da agricultura regenerativa. Com 120 anos de existência e 770 hectares, a fazenda tem como principal atividade o cultivo de café do tipo arábica. São 230 hectares da área plantada e outros 202 hectares de área protegida. Desde 2011, a Nova Cintra já contava com a certificação de agricultura sustentável da Rainforest Aliance e agora, com o reconhecimento das práticas regenerativas, subiu a régua perante o mercado.
Segundo Rosa, a norma de agricultura regenerativa acrescenta uma camada de requisitos à da certificação de agricultura sustentável. Dentre os critérios para sua concessão, estão a adoção de boas práticas agrícolas, a melhora da saúde e fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, a resiliência climática e o uso responsável de agroquímicos. Também são avaliados aspectos como manejo integrado de pragas, controle dos custos de produção, manutenção da cobertura natural e transparência no registro de dados.
“A Fazenda Nova Cintra é uma prova de que o setor agrícola nacional tem capacidade e capital técnico para se adaptar às novas realidades do clima e do mercado. E a agricultura regenerativa é uma alternativa inteligente, que pode ser adotada gradualmente, conforme a realidade de cada propriedade. Suas técnicas recuperam solos que foram degradados e sempre dão margem para a diminuição de impactos ambientais, mesmo nas culturas mais agressivas”, afirma ele. Os ganhos justificam abraçar essas práticas: maior estabilidade para o solo, melhor retenção de água, aumento de fertilidade e, consequentemente, de produção, além da possibilidade de restabelecer a biodiversidade local.